Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

“Cheira a fim de regime”

«(…) Não fosse a PJ (única entidade da justiça que ainda merece algum crédito) e um seu investigador de Aveiro, e a ‘Face Oculta’ nunca teria conhecido a luz do dia ou teria logo patinado.»

«(…) um governo cujo primeiro-ministro é dado a companhias comprometedoras, um sistema em que se fundem e confundem o político e o económico, o público e o privado, uma justiça que verdadeiramente se tornou cega e surda, e não muda, um Presidente da República que se desautorizou a si próprio no pior momento, e um país onde as noções de interesse público e serviço público já quase se perderam por completo sem vergonha alguma, e tudo isto começa já a cheirar indisfarçadamente mal. Cheira a fim de regime e só os loucos ou os extremistas é que podem achar isso uma boa perspectiva para o futuro.» (Sombreado nosso)

Miguel Sousa Tavares

in Expresso, 14 de Novembro de 2009, Primeiro Caderno, página 07.

Comentário – Juntava-se, ao texto acima descrito, o seguinte: ontem, na conferência de imprensa conjunta, que incluiu os Ministros das Finanças, Presidência e Economia, aquando da apresentação do orçamento “redistributivo” (ou lá o que isso é “tecnicamente” !???), pelo Ministro de Estado e das Finanças, não deixou de nos transparecer algo inabitual em Teixeira dos Santos. Designadamente incerteza, pouco à vontade e insegurança naquilo que afirmava. Tal comportamento foi igualmente constatado ontem, não ipsis verbis, nos comentários à RTP de Manuela Arcanjo, Ex-Ministra de António Guterres, a qual se encontrava acompanhada pelo Ex-Ministro das Finanças, Bagão Feliz. A Ex-Ministra acrescentou, inclusive, após prévias e merecedoras explicações técnicas tecidas, que faltava pouco aos portugueses para se depararem com um cenário bem pior do que aquele que já têm hoje. Dizia a senhora, no aludido comentário, algo não muito distante de: não querer estar por cá para assistir. Isso já para não falar do valor do défice de 8%, dizemos agora nós, que até pareceu bem para o Ministro das Finanças, quando lançada a dita percentagem por um jornalista na conferencia de imprensa, dando T. Santos a parecer que os 8% avançados eram bem melhores para o “figurino” percentual que o ministério dispõe. Em suma: não vem nada de bom por aí...

Aproveitando este âmbito, incluiríamos o que afirmou Medina Carreira, uns dias atrás, em entrevista à Revista Única, em que apresentava a seguinte solução: «O que saiu das eleições de 27 de Setembro não permite fazer um Governo capaz. A situação financeira é muito complexa, o desemprego é enorme e o endividamento é extremo. Perante este cenário, qualquer pessoa com juízo não está para ser ministro. É de presumir que se escolha gente que ainda não viu em que situação o país está. Por delegação feita pelo PS e pelo PSD, o Presidente deveria ter autonomia para procurar qualidade e seriedade. Isso poderia elevar o nível de exigência e de aceitação. Daria um suporte institucional e de independência que poderia atrair gente boa e séria.» (Sombreado nosso)

Ora, posto tudo isto, é medianamente inteligível que Portugal não está (efectivamente) de boa saúde. Em essência, quatro aspectos precisam-se: idoneidade, transparência, rigor e justiça…para, subsequentemente, atingirmos o objectivo do desenvolvimento sócio-económico. Ou seja, no estado em que a saúde do regime se encontra (e que vem a decair progressivamente desde 1910), revela-se cada vez mais oportuno referendá-lo. Há que ponderar novos modelos. Seguir os países europeus que, efectivamente, são os mais avançados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e estes, meus amigos, são os que têm Monarquia. Temos de reaprender com eles. Noruega o 1.º em desenvolvimento humano. Nos 10 primeiros, 6 são monarquias. Coincidências? Julgamos que não… Há que regressar ao básico para que possamos ser correctamente catapultados para o complexo. Há um caminho a refazer. A república entrou em Portugal mal e abruptamente. Neste contexto, resta-nos frisar aquilo que há muito debatemos neste sítio. Para um País que se quer desenvolvido, alterar o regime, passa por ter um Rei (ou Rainha) que idoneamente possa por cobro à representatividade das nossas principais (mas decadentes) instituições. Só um soberano imbuído num espírito de profunda democracia e independência (como foram os nossos soberanos constitucionais), pode dar a Portugal aquilo de que ele carece. Em sistema republicano, está mais que demonstrado que a res publica não funciona na sua plenitude, como, antes de 1910, funcionava. Os contornos são mais salientes, especialmente em Portugal, uma vez que este País foi criado, moldado e continuado (durante oito séculos) para ser uma Monarquia. A república não encaixa no molde e está a gerar pressão na estrutura da máquina regimental. Daí que, no tempo dos Reis D. Carlos e D. Manuel II, era inegável a existência de pobreza e analfabetismo, pontos que nem mesmo a rígida escola teórica do salazarismo conseguiu erradicar, contudo, havia mais democracia* e melhor economia, pois Portugal era, neste último índice, um país médio da Europa e hoje está na sua cauda. Por fim, e em conclusão, estamos em  absoluta concordância em dois aspectos com Miguel Sousa Tavares: 1.º) A Polícia Judiciária é a  entidade de Justiça que nos merece estruturalmente respeito e bem-haja o seu investigador de Aveiro; 2.º) Cheira a fim de regime e ainda bem que já se começa a sentir o “odor”, pois Portugal precisa de MUDAR.

Viva o Rei ! Viva uma moderna e nova Monarquia para Portugal !

* Veja-se durante 64 anos (1910-1974) quem/quantos votava(m) e quem/quantos votava(m) antes de 05/10/1910?! Estes são os factos.
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2 comentários:

  1. O Regime parece aproximar-se, de facto, de um fim inexorável. Há muito que defendo esta tese entre amigos próximos, com quem falo de política.
    Aliás, parece-me um cenário comparável ao verificado nos últimos anos de Monarquia: dois partidos de Governo (Regeneradores e Progressistas em 1910/Social-Democratas e Socialistas agora) que parecem de todo afastados dos reais problemas do País.
    Há quase 100 anos foi o Chefe de Estado - O Rei D. Carlos - que tomou, com enorme coragem e sentido de Estado, a responsabilidade de terminar com um «rotativismo» incapaz de fazer progredir Portugal.
    Todos sabemos como a História terminou em 1 de Fevereiro de 1908: o Rei tombou perante as balas assassinas de dois cobardes sem nome, retirados pela carbonária, da pior escória da capital. Perdeu mas lutou. Agora esse perigo não parece existir; visto termos um Chefe de Estado que se comporta como uma avestruz, que todos os dias mete a cabeça na areia para não ver o que se passa em Portugal. Já perdeu e nem sequer mexeu uma palha...!

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  2. 100%. Viva El-Rey !!! E Viva a S.A.R. a Senhora D. Isabel de Bragança, futura Rainha constitucional de Portugal, que hoje festeja o dia do seu aniversário.

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«Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-Los» (Alexandre Herculano)

«(…) abandonar o azul e branco, Portugal abandonara a sua história e que os povos que abandonam a sua história decaem e morrem (…)» (O Herói, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro)

Entre homens de inteligência, não há nada mais nobre e digno do que um jurar lealdade a outro, enquanto seu representante, se aquele for merecedor disso. (Pedro Paiva Araújo)

Este povo antes de eleger um chefe de Estado, foi eleito como povo por um Rei! (Pedro Paiva Araújo)

«A República foi feita em Lisboa e o resto do País soube pelo telégrafo. O povo não teve nada a ver com isso» (testemunho de Alfredo Marceneiro prestado por João Ferreira Rosa)

«What an intelligent and dynamic young King. I just can not understand the portuguese, they have committed a very serious mistake which may cost them dearly, for years to come.» (Sir Winston Leonard Spencer-Churchill sobre D. Manuel II no seu exílio)

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«Pergunta: Queres ser rei?

Resposta: Eu?! Jamais! Não sou tão pequeno quanto isso! Eu quero ser maior, quero por o Rei!» (NCP)

Um presidente da república disse «(...)"ser o provedor do povo". O povo. Aquela coisa distante. A vantagem de ser monárquico é nestas coisas. Um rei não diz ser o provedor do povo. Nem diz ser do povo. Diz que é o povo.» (Rodrigo Moita de Deus)

«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)