Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Pelo azul e branco: unidos em liberdade e progresso

Foto - PPA

Pelas 17h30m estava, em ponto, no jardim Sena Freitas em Ponta Delgada, comummente conhecido por jardim da Zenite.

No local, e àquela hora, havia um grupo de cidadãos preparando-se para evocar o dia 6-6-1975. Alguns defendem que este é que deveria ser o dia dos Açores. Opiniões.

Relativamente a bandeiras, encontrei a que a fotografia revela no púlpito. No entanto, mesmo essa bandeira, a da Frente de Libertação dos Açores (FLA), é azul e branca…gostaria de (começar por) frisar esse facto. Ainda a propósito de dias oficiais, evocativos e de bandeiras, é indesmentível o paulatino aumento de açorianos que, no 6 de Junho, começam a colocar bandeiras azuis e brancas nas suas viaturas, motos, escritórios, estabelecimentos e moradias à boa moda monárquica, ou seja, evocativa de momentos importantes do nosso passado…e à semelhança, por exemplo, daquilo que muito se pratica no Reino Unido.

O movimento do 6 de Junho de 1975 foi, efectivamente, o último grande movimento azul e branco neste País…quiçá até o mais determinado, na sua essência, contra as cores da carbonária estrangeira que foram sobrepostas na bandeira de Portugal, sob o epíteto de “bandeira da república portuguesa” (conforme refere a Constituição).
O azul e branco desta bandeira da foto, bem como o da bandeira da Autonomia açoriana (1896 até hoje), bem como ainda o da verdadeira bandeira deste País desde da sua fundação, de certo modo traduzem um basta contra a república, contra circunscritos atentados à liberdade, contra aqueles que queriam impor uma nova ditadura…sucedânea à anterior (1926-1974) mas irmã na exacta bandeira que ainda hoje se mantém errada à luz na nossa História e do povo que realmente somos. Os republicanos que defenderem a bandeira vermelha (e verde), estão anuindo objectivamente com o caos da I república, com a ditadura salazarista da II, e com actual estado do Estado e do País da III. São coniventes com isso, se forem minimamente informados. É facílimo perceber-se que não são todas aquelas referidas azuis e brancas que estão incorrectas, é a vermelha e verde que está a mais.

A acção (e não revolução ou reacção) dos açorianos foi movida por independentistas, é certo, mas também, e sobretudo, por autonomistas. Ambos encontravam-se (e encontram-se) unidos pelo azul e branco até hoje. O cerne é exactamente o mesmo, o posicionamento em relação ao problema é que não. Daí o respeito mútuo, e isso é incontornável.

Todavia, há algo ainda mais crucial e vincadamente importante neste contexto de bandeiras. E qual é esse? Pois bem, esse é a tomada em conta daquilo que aconteceu após o golpe antidemocrático de 5 de Outubro de 1910, em que o regime republicano ilegítimo fez tábua rasa de quase 800 anos de História, tendo adaptado e introduzido no País, como um dos seus símbolo maiores, uma bandeira vermelha e verde de uma organização terrorista e assassina estrangeira (a Carbonária). Esse repudiável acto não tem justificação, mas justifica o que somos hoje: uma “democracia de marca branca”, de muito gel no cabelo e popas, muito atrasada e pseudo progressista (é ver-se todos os índices mais importantes e constatar que são maioritariamente ocupados por Monarquias no topo). Antes, em Monarquia, éramos os primeiros, a vanguarda, a combater a escravatura e a pena de morte. Hoje somos arrastados a promover minorias lobistas e elitistas e co-adoptarmos (ou copiarmos) medidas que promovem respectivamente a morte e a redução natal, já precariamente grave para a sustentabilidade etária do País, de crianças pelo aborto e pela crises sucessivas, no último caso. Precisamente no último caso, a redução, até Sócrates (Sócrates imagine-se…!), percebeu isso no seu final governativo introduzindo algumas medidas de incentivo à natalidade.

Ora neste contexto, é potencialmente interessante focar a intenção independentista da FLA, com a qual não me revejo mas que, à luz da época, era entendível face aos ímpetos coercivos e estranguladores do tempo do PREC contra a liberdade dos açorianos e até dos portugueses em geral…bem como naquilo a que chegamos. No arquipélago das nove ilhas atlânticas, e em antecipação ao Continente (quiçá por sermos azuis e brancos…), os açorianos rápido perceberam para onde o País estava indo…meses antes do 25 de Novembro. E agiram! Factos como os Açores terem sido o último reduto português a bater-se contra os Filipes de Habsburgo, ou sido decisivos (para o bem ou para o mal) nas Guerras entre Miguel I e Pedro, ou (também para o bem ou para o mal) terem tido os dois primeiros presidentes da república ou, ainda, serem o destino escolhido e preparado por Salazar para se deslocar em caso de invasão nazi do Continente, podem ter pesado nos homens do 6 do 6 (muitos deles monárquicos de matriz) que no fervor da época preferiam ser livres do que a uma paz sujeita e encarcerados num regime absolutamente extremista e controlado pela esquerda de cariz estalinista e, assim, marxista. Porém, tivesse-se chegado à independência, tivessem chegado a esse ponto, um aspecto importantíssimo era certo: a bandeira deles teria as exactas cores de Portugal, i.e., o azul e branco. Independentes sim, e não meramente adaptativos regimentais como os republicanos de 1910, mas absolutamente fiéis em honra à sua origem. Isso comprova-se nas cores que investiriam o seu estandarte de eventual nação (vide foto). Nunca trairiam o seu passado, disso estou 100% certo. Na república, ao contrário, como ainda hoje se vê, e enquanto aquela bandeira se mantiver e for o símbolo da nossa reiterada desgraça enquanto Nação, a ruptura foi o desrespeito contra Portugal e contra os Algarves. Até Guerra Junqueiro percebeu isso.

A minha esperança para os Açores é esta, mas esta só em Monarquia.

Mudem-se e reponham-se as reais cores de Portugal, não é apenas uma questão cromática…todos sabemos que é muito mais do que isso.

Unidos em liberdade, de azul e branco para sempre!

Share |

Sem comentários:

Enviar um comentário

«Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-Los» (Alexandre Herculano)

«(…) abandonar o azul e branco, Portugal abandonara a sua história e que os povos que abandonam a sua história decaem e morrem (…)» (O Herói, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro)

Entre homens de inteligência, não há nada mais nobre e digno do que um jurar lealdade a outro, enquanto seu representante, se aquele for merecedor disso. (Pedro Paiva Araújo)

Este povo antes de eleger um chefe de Estado, foi eleito como povo por um Rei! (Pedro Paiva Araújo)

«A República foi feita em Lisboa e o resto do País soube pelo telégrafo. O povo não teve nada a ver com isso» (testemunho de Alfredo Marceneiro prestado por João Ferreira Rosa)

«What an intelligent and dynamic young King. I just can not understand the portuguese, they have committed a very serious mistake which may cost them dearly, for years to come.» (Sir Winston Leonard Spencer-Churchill sobre D. Manuel II no seu exílio)

«Everything popular is wrong» (Oscar Wilde)

«Pergunta: Queres ser rei?

Resposta: Eu?! Jamais! Não sou tão pequeno quanto isso! Eu quero ser maior, quero por o Rei!» (NCP)

Um presidente da república disse «(...)"ser o provedor do povo". O povo. Aquela coisa distante. A vantagem de ser monárquico é nestas coisas. Um rei não diz ser o provedor do povo. Nem diz ser do povo. Diz que é o povo.» (Rodrigo Moita de Deus)

«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)