Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

As pequenas diferenças…

São as "pequenas" (mas grandes…afinal) diferenças que sempre foram tratadas de modo distinto, na relação povo e chefe de Estado, antes de 5 de Outubro de 1910. Para os chefes de Estado antes de 1910, era mais do que um juramento ajudar os portugueses. Por conhecer bem este facto, os republicanos da altura sabiam que a única forma de fazer cair a Monarquia era pela força das armas e não pelo voto. Daí o povo ter permanecido ao lado do seu Rei até e para além da aludida data. Aquando da Monarquia do Norte, heroicamente liderada por Paiva Couceiro, mesmo aí, o suposto exército monárquico era composto maioritariamente por povo e não por soldados profissionais.

Na Monarquia não temos apenas os grandes feitos áureos do tempo dos Descobrimentos, fase em que Portugal era potência mundial. Muito depois disso, a grande diferença para a república, esteve em pequenos (grandes) actos como: a consagração de Portugal a N. Senhora, sem dúvida acto de índole religiosa, mas que pode não deixar de ter uma estreita leitura política, i.e., simbolicamente fundir o poder real ao Povo pois deixaram os reis de Portugal de usar coroa (só Portugal o fez), bem como sendo a Virgem Santa rainha (ainda hoje) de todos os portugueses, era manifestamente um meio de demonstrar que, perante Ela, Rei e Povo estavam paritários; já sem desenvolver outros factos históricos, como: a abolição da pena de morte (pioneiros no Direito Penal); luta pela abolição da escravatura, etc, etc.
Se tivermos atentos, nesses compósitos valorativos e humanizantes que definem uma nação evoluída em direitos do Homem, Portugal decai (gráfica e proporcionalmente) com a I, II e III república. São factos e contra factos...

Terminamos com o exemplo do Rei D. Pedro V, que apesar de ter reinado pouco tempo e ter morrido novo de doença, o povo (que somos todos nós) tinha uma absoluta veneração por este Rei. No seu reinado, Portugal foi atingido por duas epidemias: 1853 a 1856 e 1856 a 57. Durante esses anos o monarca, em vez de se afastar e resguardar, percorria os hospitais e demorava-se à cabeceira dos doentes. Ora, porque haveria o Rei de fazer isso ? Ele não necessita de votos para estar no poder. Será que a resposta residirá numa real vontade de estar solidário com os seus concidadãos que viam nele protecção e um genuíno consolo ?
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«Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-Los» (Alexandre Herculano)

«(…) abandonar o azul e branco, Portugal abandonara a sua história e que os povos que abandonam a sua história decaem e morrem (…)» (O Herói, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro)

Entre homens de inteligência, não há nada mais nobre e digno do que um jurar lealdade a outro, enquanto seu representante, se aquele for merecedor disso. (Pedro Paiva Araújo)

Este povo antes de eleger um chefe de Estado, foi eleito como povo por um Rei! (Pedro Paiva Araújo)

«A República foi feita em Lisboa e o resto do País soube pelo telégrafo. O povo não teve nada a ver com isso» (testemunho de Alfredo Marceneiro prestado por João Ferreira Rosa)

«What an intelligent and dynamic young King. I just can not understand the portuguese, they have committed a very serious mistake which may cost them dearly, for years to come.» (Sir Winston Leonard Spencer-Churchill sobre D. Manuel II no seu exílio)

«Everything popular is wrong» (Oscar Wilde)

«Pergunta: Queres ser rei?

Resposta: Eu?! Jamais! Não sou tão pequeno quanto isso! Eu quero ser maior, quero por o Rei!» (NCP)

Um presidente da república disse «(...)"ser o provedor do povo". O povo. Aquela coisa distante. A vantagem de ser monárquico é nestas coisas. Um rei não diz ser o provedor do povo. Nem diz ser do povo. Diz que é o povo.» (Rodrigo Moita de Deus)

«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)