Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

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sexta-feira, 10 de julho de 2020

O N.º 9 - AS IMAGENS NÃO ENGANAM: NÃO HÁ CORES DE PELES, HÁ SENTIMENTOS.

Hoje fazem quatro anos que isto aconteceu.

Em 1966, ‘Os Magriços’ alcançaram, na época do “terror” salazarista, o terceiro lugar no respetivo Mundial na Inglaterra, formando uma das poucas equipas, se não mesmo a única europeia, que tinha vários pretos (…sim porque se sou branco, negro é discriminatório na minha opinião*). A Inglaterra, por exemplo, essa muito antiga democracia, apenas tinha brancos no plantel, mas aquele terrível regime salazarista, tão negativamente adjetivado, que tudo, mas tudo fez de mal, tinha vários portugueses de cor de pele escura, dita preta, na equipa, como hoje continuam, e muito bem, a existir como exemplos vivos de sã igualdade.

A amizade entre eles, aqueles jogadores de diferentes raças e etnias que venceram, em 2016, o Europeu de Futebol, devia servir de exemplo para muito preconceituosos e verdadeiros racistas, porquanto são exemplos práticos e vivos de que esse aspeto fulcral suplanta a cor da pele, sendo um enorme orgulho que em Portugal assim seja e tenha sido.

A forma como a MAIORIA dos portugueses receberam a Seleção Nacional em 1966 e em 2016, em especial o Eusébio e o Éder, demonstra bem o racismo estrutural que temos há muitos anos por cá em Portugal, fazendo de nós, perante uns EUA, uns horrendos monstros…

Obrigado Éder, Eusébio, Mário Coluna, Eliseu, Danilo, João Mário, William Carvalho, Renato Sanches, Nani, Quaresma e muitos e muitos outros que defenderam, durante anos, a essência do nosso especial Portugal, sendo eles seres humanos com exata e igual dignidade à minha, apenas de raça, cor ou etnia diferentes.

Por fim, e para aqueles que, em particular, criticaram o Éder à data por ser o “patinho feio” do grupo, porquanto não tinha a “qualidade” dos seus restantes colegas convocados em 2016, o Homem Lá De Cima, respondeu-lhes dando-lhe, merecidamente, a eternidade terrena na consciência dos portugueses de hoje e do futuro…e se repararem na forma milimétrica como foi decidido o encontro não andarei muito longe da alegada frase metafísica que aludi.

Há uma diferença entre nós portugueses em geral para o #blacklivesmatter, é que o segundo quer fazer à força, mesmo que seja um criminoso (…embora ilegítima e barbaramente morto por um assassino), uma pessoa fulcral e exemplar; enquanto em Portugal um rapaz que foi viver para o orfanato porque o pai matou a mãe (…como também acontece com muitos brancos no nosso País há anos) não precisou de ser criminoso, nem tão pouco de ajudas para se impor na vida. Fez por si. Hoje esse rapaz do orfanato, que certamente fez amigos brancos na mesma instituição que o formou e o formou bem, através de técnicos competentes e esmerados, sem pai nem mãe de sexos diferentes... ou de sexos iguais, é reconhecido por todos, é um símbolo de Portugal um pouco como o Eusébio também fora antes dele e nós gostamos muito deste rapaz e o prestigiamos. Essa é, essencialmente, a diferença.

* No inglês preto significa “black” e «“nigger” é um insulto racial, geralmente direcionado a pessoas negras. O insulto provavelmente surgiu no século XVIII como uma derivação da palavra negro da língua espanhola e da língua portuguesa, descendendo do adjetivo em latim niger, que significa negro».

In Pilgrim, David (setembro de 2001). «Nigger and Caricatures». Ferris State University. Consultado em 15 de janeiro de 2019.


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