Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

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sexta-feira, 25 de maio de 2012

O trono republicano (II)

Aquando da visita guiada pelo Palácio de Belém no passado dia 13 de Maio, foi-me explicado, pelo guia, que os presidentes da república são retratados para a posteridade na cadeira em talha doirada, cujos braços culminam em dois bustos de leões (o símbolo do poder e da força). Esta cadeira pode ser encontrada no gabinete onde o presidente recebe o primeiro-ministro. Supostamente um símbolo de serviço e trabalho…mas que é dourado e que simboliza o poder é inequívoco! Afinal onde pára a IGUALDADE, amiga da “Liberdade” e irmã da “Fraternidade”?!

Enfim, quais são então as distinções entre aquela cadeira (inserida no contexto e no ideário republicano jacobino e maçónico) e o Trono português? Formalmente poucas. Porém, de outro prisma, estão inequívoca e materialmente em diâmetros opostos. A dita cadeira é símbolo de um serviço ineficaz que representa a república portuguesa, cujo resultado está à vista de todos em face do nosso actual estado de crise, nem por isso menos habitual nos últimos 101 anos: decrépita e negativista (e nem sequer quero aqui insinuar que aquela se trate de um posto para se servirem e não para servir); enquanto que a outra Cadeira, o Trono de Portugal, traduziu um Portugal, o Portugal, além de refinado, glorioso, epopeico, proactivo e orgulhoso dos seus representantes e das suas gentes. O verdadeiro Portugal, aquilo fomos e que somos (embora alguns republicanos ainda vão conseguindo encobrir essa realidade por mais algum tempo). Traduziu a auto-estima desta antiga Nação que hoje perdemos, como areia que cai entre os dedos de uma mão.

Aquela cadeira é, na prática, um mero apetrecho de posse, singelamente legitimada por uma parcela globalmente não representativa dos portugueses; enquanto que o Trono, a verdadeira “cadeira de Portugal”, é propriedade de todos portugueses representados e garantidos na pessoa do Rei de Portugal.



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2 comentários:

  1. PPA, que coragem para visitar essa "besugada" toda armados em reis e sentados em cadeiras de poder...
    Bjs

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    1. Cara Maria,

      Tenho alguns defeitos, mas a coragem ainda vai contando como uma das minhas escassas virtudes.
      Sabe, falei com alguns dos guias do Palácio e fiquei com a nítida sensação de que eles não sabiam o que era a república. No final da visita formou-se um pequeno grupo de pessoas à minha volta (do palácio e outros visitantes), enquanto ia falando, e fui notando que eles, aqui e acolá, iam exclamando algo do género: “Ai é!? Não fazia a mais pequena ideia que era assim”; “Pois…visto desse modo tem razão”; “Nunca tinha pensado nisso”, etc, etc.
      E claro…levei a minha t-shirt azul e branca que diz “EU QUERO UM REI! E TU?”

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«Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-Los» (Alexandre Herculano)

«(…) abandonar o azul e branco, Portugal abandonara a sua história e que os povos que abandonam a sua história decaem e morrem (…)» (O Herói, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro)

Entre homens de inteligência, não há nada mais nobre e digno do que um jurar lealdade a outro, enquanto seu representante, se aquele for merecedor disso. (Pedro Paiva Araújo)

Este povo antes de eleger um chefe de Estado, foi eleito como povo por um Rei! (Pedro Paiva Araújo)

«A República foi feita em Lisboa e o resto do País soube pelo telégrafo. O povo não teve nada a ver com isso» (testemunho de Alfredo Marceneiro prestado por João Ferreira Rosa)

«What an intelligent and dynamic young King. I just can not understand the portuguese, they have committed a very serious mistake which may cost them dearly, for years to come.» (Sir Winston Leonard Spencer-Churchill sobre D. Manuel II no seu exílio)

«Everything popular is wrong» (Oscar Wilde)

«Pergunta: Queres ser rei?

Resposta: Eu?! Jamais! Não sou tão pequeno quanto isso! Eu quero ser maior, quero por o Rei!» (NCP)

Um presidente da república disse «(...)"ser o provedor do povo". O povo. Aquela coisa distante. A vantagem de ser monárquico é nestas coisas. Um rei não diz ser o provedor do povo. Nem diz ser do povo. Diz que é o povo.» (Rodrigo Moita de Deus)

«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)