Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Umas pitadas "blasfemas"...


Cara Helena,

Nem mais! Certeira na identificação do problema: «Foi assim na I República. Está ser assim agora.»

Por que mais estamos a esperar para acabar com este “intervalo” chamado R-E-P-Ú-B-L-I-C-A ? A grande diferença do actual sistema para o anterior a 1910 resulta clara: tínhamos um Rei, na altura D. Carlos, que não dependendo de ninguém, e com total liberdade e absoluta autonomia (a mesma autonomia que enche até hoje a consciência colectiva dos povos mais desenvolvidos da Europa), nos resolveu o problema (sobretudo com a Inglaterra).

No actual figurino de chefia de Estado, como são todos políticos e ex-líderes de partidos, só mandam pitadas e cortam fitas, porque senão estariam extrapolar o ‘establishment’ e os cânones do entendido como “politicamente aceitável”. D. Carlos pensou sempre em Portugal, e, embora avisado do perigo que o circundava, dadas as medidas de recuperação nacional que operou, não se quis proteger/esconder naquele malfadado dia 1/2/1908, pois sabia que tinha uma grande multidão de cidadãos à sua espera, para estarem com ele e vê-lo. Não os querendo defraudar, sofreu as restritas e cobardes consequências da coragem…!

Parabéns pelo post!


# 22 (curiosamente o dia do meu aniversário)

Se me permite, apenas uns comentários:

1.Aceitar a Monarquia é afirmar que há uma democracia devidamente avançada e amadurecida (como nos países mais desenvolvidos em IDH), em que o chefe de Estado, por não ser eleito, assegura uma absoluta neutralidade. O Rei tem a missão representativa para a qual, por exclusiva preparação, o levará a ocupar aquele cargo. Nada tem que ver com dignidade, mas sim com outra coisa acabada em “lidade” e que em Portugal já escasseia: responsabilidade. O Rei não é mais digno do que eu, ou do que um varredor de rua. Todos somos igualmente dignos e merecedores de respeito. A única diferença é que o Rei tem, logo à nascença, uma específica missão de maior responsabilidade para com os seus concidadãos, tendo que se preparar para o efeito. Se não estiver preparado não serve (abdica, é deposto pelo Parlamente, etc [soluções legais para remover o chefe de Estado são mais em Monarquia do que em República]), dando o lugar a quem demonstre estar melhor preparado… Não há aqui privilégios. Há sim sentido de missão e de representatividade, estruturada num elo simbólico a todos nós: a família real portuguesa.

2.Os Reis de Portugal, na sua maioria, sempre foram grandes chefes de Estado e a História, cada vez mais, revela isso mesmo (caso de D. João VI – que enquanto nós o desdenhávamos, Napoleão percebia a sua sagacidade quando afirmou: «De todos os reis da Europa só fui enganado por aquele» referindo-se a D. João).

3.Quanto a «perfeitos atrasados mentais», conhecem algum PR que tenha sido tirado lá do “lugar”? Eu não conheço. Das três uma: ou em casos muito pontuais não aguentaram a pressão e demitiram-se; ou foram assassinados; ou nunca saíram do “posto”. O que sei é que até na 1.ª Dinastia saiu um Rei (D. Sancho II) e outro na 4.ª (D. Afonso VI).

4.Quanto às origens do herdeiro ao Trono de Portugal, são conciliatórias nos dois ramos, ele é tão bisneto de D. Miguel (via paterna), como de D. Pedro IV (via materna). O resultado desta inteligente conciliação só é dada apenas a conhecer, infelizmente, às pessoas que convivem com ele, muitas delas de escalões sociais menos favorecidos, e que genuinamente se relacionam com o Duque de Bragança. Homem que é respeitado por muitas pessoas e de quem muitas gostam, mas que por vezes, por cobardia de o afirmarem, depois encobrem essa realidade. Melhor forma de derrubar uma pessoa impoluta: escarnece-la. Sempre foi assim no Portugal recente….

5.Quanto à «monarquia» entre 1933 e 1968, lamento informar mas era uma república… E que república…!

6.As monarquias, em especial, no mundo islâmico são, em geral, reconhecidamente promotoras de melhores condições humanas do que as repúblicas. Vejam-se os países (sublinho no plural) mais desenvolvidos lá da zona…

7.Recorrendo apenas às maiores potências elencadas: na Alemanha o chefe de Estado é eleito como um monarca constitucional, i.e., de forma indirecta; e quanto aos EUA querem melhor exemplo de uma monarquia (no sentido tradicional do termo)? Quem o diz é o politólogo francês Maurice Duverger…!

8.Por fim, a república centralista, fundada literal e exclusivamente em Lisboa, já por si consegui aquilo que queria, ou seja: criar uma plataforma simétrica de consciências (passivas) que nos neutraliza e nos faz, a cada dia, desaparecer como País. A última vez que alguém se bateu a sério contra isso, foi Henrique Paiva Couceiro (que até Salazar ousou enfrentar por escrito) e o grupo seu aliado de heróis, maioritariamente do Norte, muitos deles do povo e fieis à real bandeira portuguesa (a azul e branca), que instauraram o movimento restaurativo que ficou conhecido por “Monarquia do Norte” em 1919.

Cumprimentos

#43

Não podia estar mais de acordo. E não foi só no período liberal da Monarquia. Foi para trás daquela data, mas ainda hoje. Muitíssimos nobres sempre estiveram contra o Rei. Como o Rei não lhes dava as “atenções” que desejavam, eles acabaram por conseguir aquilo que, já desde do tempo de D. João II, queriam: derrubá-lo. Conseguiram! Pena foi para mim, o cidadão comum, que fiquei sem Rei (nem roque) que valorava e nem me perguntaram, até hoje, se queria esta república que não se encaixa em Portugal, pois este País não foi concebido para tal “formatação”.

Cumprimentos
Share |

Sem comentários:

Enviar um comentário

«Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-Los» (Alexandre Herculano)

«(…) abandonar o azul e branco, Portugal abandonara a sua história e que os povos que abandonam a sua história decaem e morrem (…)» (O Herói, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro)

Entre homens de inteligência, não há nada mais nobre e digno do que um jurar lealdade a outro, enquanto seu representante, se aquele for merecedor disso. (Pedro Paiva Araújo)

Este povo antes de eleger um chefe de Estado, foi eleito como povo por um Rei! (Pedro Paiva Araújo)

«A República foi feita em Lisboa e o resto do País soube pelo telégrafo. O povo não teve nada a ver com isso» (testemunho de Alfredo Marceneiro prestado por João Ferreira Rosa)

«What an intelligent and dynamic young King. I just can not understand the portuguese, they have committed a very serious mistake which may cost them dearly, for years to come.» (Sir Winston Leonard Spencer-Churchill sobre D. Manuel II no seu exílio)

«Everything popular is wrong» (Oscar Wilde)

«Pergunta: Queres ser rei?

Resposta: Eu?! Jamais! Não sou tão pequeno quanto isso! Eu quero ser maior, quero por o Rei!» (NCP)

Um presidente da república disse «(...)"ser o provedor do povo". O povo. Aquela coisa distante. A vantagem de ser monárquico é nestas coisas. Um rei não diz ser o provedor do povo. Nem diz ser do povo. Diz que é o povo.» (Rodrigo Moita de Deus)

«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)