Caro J.S.,
Gostaria de lhe dizer que subscrevo, grosso modo, aquilo que expressou. Mais, que partilho da sua contida revolta.
Vivemos num regime esgotado. Muitos analistas, independentemente da tipologia do novo regime que seria, já previram a necessidade de mudança. Porém, para podermos recuperar um sistema que funcionou durante 767 anos, um sistema invulnerável e inexpugnável à partidarização do mais alto posto representativo, um sistema que nos devolva a sã e crucial neutralidade ao topo da hierarquia, necessitamos de trabalhar muito na informação, na formação da muita ignorância latente que prolifera na nossa sociedade acerca dos sistemas mais avançados em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), i.e. as Monarquias Constitucionais.
Sabe, enquanto português e açoriano tenho muito orgulho em ter um compatriota como o Senhor Duque de Bragança, pessoa por quem nutro profundo respeito e até admiração. Digo isto com toda a frontalidade e tranquilidade. Falamos de um homem que foi emigrante e ninguém ama mais o seu País do que um emigrante. Falamos de um homem que tem vistas largas sobre a Autonomia e falou, inclusive ao AO, de formas ainda mais evoluídas de auto-governo para os nossos arquipélagos. Falamos de um homem que defende os valores da empresa basilar de uma sociedade: a Família. Falamos de um homem que descende directamente dos Reis de Portugal e dos Algarves (trineto de D. Miguel I e trineto de D. Pedro IV), mas que prefere ser simples no trato embora se revele sábio na Cultura do seu/nosso Povo. Falamos de um homem que nunca escondeu o seu pensamento religioso, filosófico e que chegou a desafiar o Estado Novo, tendo sido penalizado por isso. Falamos de um homem que tem ideias sobre o património histórico e cultural português, a quem nem sequer me atrevo a discutir tamanha sabedoria e paixão. Falamos de um homem que se bate sempre pela ecologia e pelo ambiente em Portugal. Falamos de um homem que defende as nossas raízes e tradições de forma sã. Falamos de um homem que defendeu Timor, antes sequer de ser moda no panorama internacional. Falamos também de um homem que, apesar de não ter absolutamente nenhumas responsabilidades políticas no actual estado de Portugal, bate-se, contudo, todos os dias, e afirmo isto com certeza, pelo seu progresso sustentado dando o melhor que pode e sabe de forma incansável por este País e pelos portugueses.
Em suma, e para quem está atento à sua actuação, é de verificar, com absoluta clareza, a valia deste bom homem que representa muitos portugueses, mas que, por ora, são impedidos de dizer isso mesmo de forma legalmente vinculativa.
Porém, esse mesmo homem, o legítimo herdeiro ao Trono de Portugal e dos Algarves (e não pretendente a coisa nenhuma deste Estado), continua a ser insultado na praça pública de forma vexatória, com os mais lastimáveis epítetos e…sem sequer se poder defender.
São essas as realidades que, infelizmente, emergem nesta república…uma república sem Rei nem roque, literalmente. Uma república triste, sem energia e que já faliu 4 vezes, 3 das quais nos últimos 37 anos. Entristece-me sempre a forma, diga-se histórica (pois os republicanos jacobinos já faziam o mesmo com D. Carlos I [veja-se Bordalo Pinheiro] e conseguiram transmitir isso mesmo, até hoje, às maiorias), como se agride o Senhor D. Duarte de Bragança, um homem que, por ter uma forma peculiar de falar (embora nada que chegasse à gaguez do grande Jorge VI de Inglaterra) e por ser, na sua forma de estar na vida, próximo ao povo, é tão insistentemente agredido pela ignorância, por um lado, e pelo (pseudo) intelectualismo de minorias, por outro. Nunca nos esqueçamos que o elitismo intelectual é o pior de todos os outros…! O tal elitismo das minorias que em 1-2-1908 e 5-10-1910, com sangue derramado e por força das armas, conseguiu que um partido de 7% nas urnas, depusesse um bom sistema democrático e impusesse um Regime "inquestionável" até hoje…!
Posto isto,
Dirijo-lhe um cumprimento amigo, esperando que Portugal e os portugueses possam evoluir para uma mentalidade melhor, mais equilibrada e capaz mas, sobretudo, mais evoluída e progressista tal qual tivemos, com as devidas adaptações temporais, enquanto Monarquia Constitucional, bastante à semelhança hodierna de países como: a Noruega, o Canadá, a Suécia, a Austrália, a Dinamarca, a Holanda, o Japão, a Inglaterra, a Espanha, etc, etc…
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