Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

sexta-feira, 24 de março de 2017

Dois Homens, Duas Tomas Diferentes


Tomás Moro foi Chanceler no reinado de Henrique VIII da Inglaterra. Muito haveria para dizer sobre este grande Humanista, até por Erasmo reconhecido. Homem com sentido de humor refinado, por vezes irónico no tradicional formato inglês, solidamente católico, inteligente, muito culto, absolutamente integro e, acima de tudo, coerente. Nunca desleal ao seu rei, todavia colidindo com a decisão de Reforma daquele - Anglicanismo, pelos motivos sobejamente conhecidos, e embora se considerasse amigo de Henrique de Inglaterra, o ex homem de confiança optou por dar prevalência ao Rei dos Reis. Isso afere-se no momento da sua execução, quando apelou aos presentes que orassem pelo monarca, terminado a dizer que "morria como bom servidor do rei, mas de Deus primeiro."

Foi canonizado, em 19 de maio de 1935, pelo Papa Pio XI.

Em contraste,

Tomás Cranmer foi um dos condutores da Reforma da comunhão Anglicana e ascendeu a Arcebispo de Cantuária (criado no séc. VI com Santo Agostinho de Cantuária). Ocupou o cargo durante os reinados de Henrique VIII, Eduardo VI e, por pouco tempo, de Maria I. Foi um dos concretizadores da anulação do casamento do rei inglês com Catarina de Aragão, base da cisão com a Igreja Católica. A partir da separação, o rei era considerado o soberano da igreja - o princípio da Supremacia Real, o que não deixava de ser, especialmente hoje, um retrocesso sobre a separação de domínios (religioso vs civil).

Manifestando o seu apoio à Dama Jane Grey para suceder a Eduardo VI como Rainha, e após a ascensão ao trono de Maria I, foi preso sob heresia (e não por traição) sendo, assim, poupado de uma morte imediata e próxima de sumária.

Quando Maria I iniciou o processo de reversão religiosa, de modo a que a Inglaterra retomasse oficialmente a fé católica, Cranmer foi deposto, substituído e mantido preso.

No decurso da prisão – dois anos, formalizou vários arrependimentos, foi apostata, tendo mesmo reafirmado “a sua crença na transubstanciação e na supremacia papal”. Fontes relatam “que o fez a fim de evitar sua execução”.

No momento da sua execução, «Cranmer retirou sua declaração anterior de arrependimento e denunciou a doutrina da Igreja Católica e o Papa, dizendo: "E sobre o Papa, eu o recuso, como inimigo de Cristo e Anticristo, com toda sua falsa doutrina.» Após isso, Cranmer foi levado à fogueira».

É evocado, por anglicanos, como suposto mártir do processo de Reforma.

Fonte complementar – Wiki.
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