Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

sábado, 20 de janeiro de 2024

Emily

Recentemente pude, finalmente, ver este filme que há muito estava sinalizado. O mesmo reporta-se a uma interpretação sobre a vida de Emily Brontë, autora da obra "O Monte dos Vendavais".

Num bom registo cinematográfico por parte da realizadora Frances O'Connor, fica um trabalho coerente, esteticamente bem conseguido, com uma cinematografia refinada, já sem descurar da boa banda sonora de Abel Korzeniowski.

No meu entendimento sobressai a vida de uma rapariga que sendo genial, apesar de confinada a um meio quase rural, e apesar dele nunca ter saído, não deixou de se expandir. Vem, pois, assim contrariar em muito o centralismo metropolitano e elitista, embora essencialmente bacoco em muitos dos casos, de que pode vir bastante das margens, margens civilizacionais essas que muitas vezes são desprestigiadas mas que ainda vão sendo o sustentáculo cultural de enumeras nações. Além disso, esta película relata também as fases do amadurecimento de uma mulher, mulher essa que, com uma mente brilhante e acima dos seus próximos, nunca atingiu o ponto de soberba e antes procurava objetivos singelos como agradar ao pai que ficou viuvo cedo. Uma mulher que no início era irreverente e sentia-se diferente, mas que acabaria por ser estruturalmente fiel às mais puras e tradicionais das condutas: amar e ser amada por um homem, casar, ter filhos e ficar assim realizada. Porém, e quando muitos e muitas nada disso querem e até desperdiçam, a Emily Brontë, infelizmente, não lhe foi permitido.

Por fim, um não menos justo elogio à interpretação da personagem principal, Emily, por Emma Mackey. Tem via aberta à sua frente como atriz.

Abel Korzeniowski . "No Coward Soul Is Mine" (2022)
Original Motion Picture.



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