Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Ainda a propósito do cume...

...retive este comentário do bloguer e caro Tenente, o qual passaria a transcrever pelo seu interesse:

«Não concordo com a partidarização da Monarquia, designadamente com o contexto actual do PPM, mas é de salutar este acto no ponto mais alto do País. Em 1974, pelo contexto revolucionário, o PPM fez sentido…hoje não. A Monarquia é, por si só, uma integrada neutralidade institucional, inversa à partidarização na chefia de Estado, lobbies ou “compinchas”. O João Ferreira Rosa costuma dizer que não há deputados monárquicos na AR que defendam a monarquia convictamente, pois ninguém os ouve falar dela.

Ora, goste-se ou não do causídico, “solitário” mas activo deputado Paulo Estêvão, a verdade é que, neste contexto, ele é excepção enquanto deputado da ALR! Esteve bem!

Procedeu-se a um feliz acto simbólico sobre o regime que representa e representou o melhor de Portugal e dos Açores, mas que brutalmente terminou em 5-10-1910. Aquela é a bandeira de Portugal, a mesma que deu azo à nossa bandeira da Autonomia dos Açores. Por isso o meu profundo orgulho em os Açores não terem ido nas "cantigas" de um regime criminoso (1908|1910-1926) e ditatorial (1926-1974) e termos mantido as reais (entenda-se verdadeiras) cores do País…desde 1139. Azul e Branco é Portugal, verde e vermelho, cores da Carbonária, são infelizmente também as cores da República Portuguesa (conforme é dito [ipsis verbis] na Constituição). O rei sempre foi o Rei de Portugal (e dos Algarves). O presidente é o presidente da república portuguesa.

A Monarquia Constitucional sempre reconheceu os açorianos como cidadãos inseridos num todo harmónico, tendo sido D. Carlos que promulgou o decreto da nossa Autonomia conjuntamente com os contributos inestimáveis de Gil Mont'Alverne de Sequeira e Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro (estes sim açorianos que nos orgulham), sempre fieis ao Azul e Branco de 1139 e dos Açores. Hoje discute-se um Tribunal da Relação para os Açores. Para que conste, ele já existiu, foi instaurado no reinado de El-Rey D. Miguel I e (dir-se-ia quase logicamente) abolido em 1910 com a república. Da relação do salazarismo com os Açores…nem vale a pena comentar. Retrocessos …!

Hoje vivemos num regime ilegítimo, isso porque até 1910 éramos uma democracia constitucional e deu-se, à força das armas (e não pelo tão apregoado Princípio do Sufrágio), um golpe de minorias, em que os cidadãos nunca foram ouvidos…curiosamente até hoje. Países com muito menor tradição constitucional monárquica, como o Brasil e a Itália, ouviram a sua consciência colectiva, ou seja os seus cidadãos. Espanha também os ouviu. Mais, nos 10 primeiros países do mundo em Índice de Desenvolvimento Humano, 6 são monarquias (dados da UN de 2009 – Noruega, Austrália, Noruega, Holanda, Suécia, Japão). Coincidências? Julgo que não! A Holanda, por exemplo, consagra uma norma constitucional que prevê a alteração do regime se assim os cidadãos quiserem, mas isso é para países atrasados e não para o nosso actual Portugal republicano modernaço.

Já agora, alguém sabe me explicar o que é que se anda a celebrar no centenário da república?
Julgo, às vezes, que tudo não deve passar de uma grande brincadeira institucional. Mais brincadeira ainda deve ser quando vejo ou ouço apregoarem: "Viva a República!"
Somos uns grandes brincalhões, e se o assunto não fosse sério, até tinha piada.
Já agora o que estamos a festejar:

a) 1910-1926: O assassinato de um chefe de Estado (e seu filho) querido aos portugueses? A perda do direito de votos das mulheres portuguesas? O derrube de uma democracia pela força (de alguns)? A mortandade fratricida entre republicanos pós 1910? "Portugal nas Trincheiras - A Primeira Guerra da República"?; A dívida externa (concertada por D. Carlos e) 'reactivada' pela I república? etc;

b) 1926-1974: Ditadura? Salazar? Falta de Liberdade? Retrocesso? Ah...já sei! Ter esta salvo Portugal de afundanço absoluto de Portugal pela I república?! etc;

c) 1974-2010: 'Freeport'? Justiça? Emprego? Casa Pia? Liberdade? Apito dourado? Ameaça do FMI como em 1974 ? Dívida externa como em 1910 a 1926? Etc, etc, etc.

Alguém me explique, por favor, enquanto este rectângulo, à beira Atlântico, chamado Portugal, ainda existe autónomo…»

in Blogue :Ilhas
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3 comentários:

  1. Bom artigo!

    Sempre no registo despregado e objectivo do Tenente.

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  2. PPA, agradeço o destaque.
    Limito-me a escrever o que penso.

    A propósito, deu-se um lapso no texto que redigi, pois onde se lê duas vezes “Noruega”, na segunda delas, deve ser lido “Canadá”.

    Agradecimentos e cumprimentos.

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  3. Caro Tenente Figueira,

    Os seus comentários são sempre bem vindos neste blogue.

    Cumprimentos.

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«Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-Los» (Alexandre Herculano)

«(…) abandonar o azul e branco, Portugal abandonara a sua história e que os povos que abandonam a sua história decaem e morrem (…)» (O Herói, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro)

Entre homens de inteligência, não há nada mais nobre e digno do que um jurar lealdade a outro, enquanto seu representante, se aquele for merecedor disso. (Pedro Paiva Araújo)

Este povo antes de eleger um chefe de Estado, foi eleito como povo por um Rei! (Pedro Paiva Araújo)

«A República foi feita em Lisboa e o resto do País soube pelo telégrafo. O povo não teve nada a ver com isso» (testemunho de Alfredo Marceneiro prestado por João Ferreira Rosa)

«What an intelligent and dynamic young King. I just can not understand the portuguese, they have committed a very serious mistake which may cost them dearly, for years to come.» (Sir Winston Leonard Spencer-Churchill sobre D. Manuel II no seu exílio)

«Everything popular is wrong» (Oscar Wilde)

«Pergunta: Queres ser rei?

Resposta: Eu?! Jamais! Não sou tão pequeno quanto isso! Eu quero ser maior, quero por o Rei!» (NCP)

Um presidente da república disse «(...)"ser o provedor do povo". O povo. Aquela coisa distante. A vantagem de ser monárquico é nestas coisas. Um rei não diz ser o provedor do povo. Nem diz ser do povo. Diz que é o povo.» (Rodrigo Moita de Deus)

«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)