Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Bem mais grave que o Watergate...

Na quarta-feira, 19 de Agosto de 2009, neste mesmo blogue, em artigo publicado sob o título “Para resgatar Portugal da absoluta descrença já só acreditamos no Senhor D. Duarte de Bragança”, oportunamente expressamos que o enredo que (ainda) se passa, com as supostas escutas no palácio de Belém, não se tratava de faits divers de silly season. Só ontem, ao que parece, o País (político sobretudo) parece ter acordado para a verdadeira dimensão do problema.


Dúvidas já não devem restar que algo se passou. É dito que o Presidente da República (PR) não se pronuncia pois pode “prejudicar” os sufrágios. Então porque não se pronunciou em meados de Agosto, quando a campanha ainda estava longe de arrancar em força ? Não querendo se pronunciar, porque demite um assessor esta segunda-feira, não havendo memória de tal facto na casa civil ?


Este assunto é de gravidade extrema para o País e para as suas instituições, é a prova real de que como uma república, em Portugal, não funciona em razão do seu âmago puramente político (e cada vez mais partidário e carreirista). A ser extraído algum conteúdo substantivo destas suspeitas, a gravidade é de tal modo extrema que se compararmos com o caso Watergate, ocorrido nos Estados Unidos da América (EUA), a 18 de Junho de 1972, verificamos que aquele escândalo, que envolveu o Presidente dos EUA, e que levou à sua demissão, não obstante fosse um hábil e eminente político, pode revelar-se, com as devidas adptações, não tão grave como o “nosso”. Senão, abreviadamente, vejamos : Richard Nixon, enquanto líder dos republicanos, foi acusado de ter colocado escutas ao partido democrático, situação gerada, portanto, inter partidos candidatos a governo; no caso português o que se aponta é para supostas escutas e consultorias envolvendo órgãos de soberania e (inerentes) partidos. Ora, não devia o PR, dados os contornos do caso, como pessoa impoluta e insuspeita, e enquanto mais alto magistrado da Nação ter, ao menos, vindo esclarecer os portugueses em Agosto? O argumento das eleições, face à gravidade das suspeitas, não colhe. Há, inclusive, quem publicamente afirme que o PR já não tem razões para se manter no cargo, cabendo-lhe essa obrigação para com os portugueses (exemplo do Jurista Garcia Pereira). Contudo, algo é inegável: o PR perdeu o timing para vir aclarar todo este pantanal institucional. Com  actual postura do PR, existem já consequências políticas nas legislativas, ou seja, demitindo Fernando Lima (uma acção efectiva), hoje passaram haver partidos "ajudados" e partidos prejudicados pelo Prof. Cavaco Silva. 


Cremos que estas notícias são o “TAC” que descobre a enfermidade de que padece Portugal, e este mal é o republicanismo.


Por fim, de referir que por muito, muito, menos, “despediram” o Dr. Pedro Santana Lopes, que por ser tão incomodo a alguns, dada a sua postura sempre frontal em política (embora com isto não queiramos descurar de outras suas características menos boas). A realidade é que em 6 (seis) meses de mandato, foi despachado por tão pouco, i.e., por demissões em cargos administrativos, matéria do seio organizativo do governo dele e da, então, coligação. E foi isto que levou um PR, neste caso o socialista Jorge Sampaio, ex-Secretário Geral daquele partido, a fazê-lo cair. Francamente…


Concluindo: a III República também não funciona. Meus amigos, face ao presente cenário português, questionámos: ainda vai ser preciso recorrer a uma 4.ª, uma 5.ª ou uma 6.ª república para perceber que isto não funciona em Portugal. Estivemos a perder tempo demais, enquanto países como a Dinamarca, a Suécia, a Grã-bretanha, a Bélgica, a Noruega, a Holanda, etc, etc, andaram e andam mais evoluídos que nós. Juntos vamos transformar Portugal num país evoluído como o Centro e Norte da Europa. Para isso temos de voltar um pouco atrás e debater todo o cerne do problema, e o problema está, indubitavelmente, na actual forma de regime de Estado. Logo...novo modelo constitucional: Rei como representante e moderador, o garante neutro do povo, e poderes executivos "exclusivos" no Governo. Referendo já! SIM À NOVA MONARQUIA !

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1401673

Fotos: Nixon - fonte Wikipédia; Fernando Lima - fonte Público, Fernado Veludo (arquivo). Todos os direitos reservados aos seus autores.
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