Nas primeiras Constituições que a nossa Nação teve, em Monarquia, o Chefe de Estado, in casu, o Monarca, tinha um poder que desapareceu com a república e com os seus Presidentes: o poder moderador, era o quarto poder. Este era um poder que, hoje, medianamente, qualquer um pode entender que era fulcral para as instituições democráticas funcionarem melhor. Contudo, deixou de existir pelos mesmos que deram os golpes terroristas de 1908 e 1910 e se instalaram no comando dos nossos destinos.
Muitos anos depois, a III república, por intermédio do Eng. Sócrates, omitiu, grosseiramente, o Sr. Duque de Bragança da Lei n.º 40/2006, Lei das Precedências do Protocolo de Estado, enquanto Chefe da Casa Real Portuguesa e herdeiro de um legado que criou, governou, chefiou e deu esplendor a Portugal e aos Algarves por mais de sete séculos, restando poucos que, no poder da altura, tirando o deputado Manuel Alegre, curiosamente do mesmo partido de José Sócrates, se opusessem a tão rude decisão. Aqui importa, igualmente, não descurar da boa relação que D. Duarte Pio sempre manteve com o Dr. Mário Soares, inclusive, este foi figura presente no seu casamento, em 1995, a quem nunca lhe negou o seu lugar legítimo no aludido Protocolo.
O Sr. Duque de Bragança, quanto julgo saber, por ora, ainda não é Rei de Portugal e dos Algarves, isso enquanto o nível de instrução e formação não evoluir no nosso País e os políticos e deputados não decidirem aquilo que é da mais elementar justiça histórica: um Referendo de Regime. Neste âmbito, tem maior margem para receber quem quer e nenhum de nós tem coisa alguma a ver com essa decisão.
Entretanto, o assumidíssimo republicano,
Doutor André Ventura, teve a categoria de, tão somente e respeitosamente, pedir ajuda ao Sr. D. Duarte Pio, de certo modo, muitíssimo indiciador, reconhecendo-o como Chefe da Casa Real Portuguesa e herdeiro dos Reis de Portugal.
Salvo opinião distinta da minha, não há nenhuma relação entre o Doutor Ventura, o Chega! (onde certamente existirão muitos monárquicos, à semelhança de outros partidos, como por exemplo no Partido Socialista) e o Sr. Duque de Bragança. Houve apenas um interessante e raro movimento de um partido, como outros terão existido no passado, nem que seja pelo Partido Popular Monárquico (PPM), em se dirigir àquele que, para os monárquicos, é o primeiro dos portugueses, tratando-o com o respeito que lhe é, reconhecidamente, merecido.
Como é sabido, o Sr. Duque de Bragança é um dos grandes defensores da etnia cigana em Portugal e, ainda, assim, recebeu o Doutor André Ventura, potencialmente porque, ao contrário daquilo que muita imprensa, já avantajadamente assustada com o Chega!, quer fazer querer, o seu dirigente não é contra os ciganos, porque se o fosse, e pelo que conheço de sua Alteza Real, dificilmente o receberia. Acima de tudo, o que tenha absoluta certeza é que o Sr. Duque é um grande democrata, não daqueles de palavras mas antes de ações concretas, por isso não precisa receber lições de democracia de ninguém, incluindo de monárquicos. A democracia não é só para a festa do Avante, é para todos.
Além disso, o Doutor André Ventura, com este ato revelou inteligência congregadora, respeitando, num ato relativamente informal mas simbólico, que os monárquicos e os simpatizantes da Monarquia, afinal, existem mesmo, e não devem ser poucos…, cabendo ao Sr. Duque de Bragança, enquanto Chefe da Casa Real, mas também como homem que sempre pensou pela sua própria consciência (bem mais à frente que o rebanho – exs.: em 1972 organizou, com um grupo multiétnico angolano, uma lista independente de candidatos à Assembleia Nacional, iniciativa que terminou com a sua expulsão do território angolano por ordens de Marcello Caetano; bem como foi o Presidente da campanha Timor 87, uma campanha de apoio à independência de Timor-Leste; defende um estatuto de Reino Unido para o Continente e Regiões Atlânticas), analisar e tratar, como entender, o que lhe foi exposto, numa reunião, por um dirigente de um partido, como qualquer outro em democracia, que o procurou com interesse e como uma mais valia efetiva, que já começa a tornar-se difícil não ver, para revitalizar o nosso País, face ao estado cadavérico e, assim, apenas continuado por uma já notória necrofilia de interesses da III república.
Por fim, e em suma, contrariamente àquilo que diz o título do artigo do Expresso, concluir que Ventura foi pedir "ajuda no Brasil", apenas porque está um deputado do Senado brasileiro na reunião, é no mínimo um erro de palmatória jornalístico, porquanto o jornal não sabe do que se falou em Sintra. Até podem ter falado em um jogo entre o Flamengo e o Benfica para angariar fundos para ajudar o Olavo Bilac que, pelos vistos, e segundo aquilo que terá afirmado, tem tido dificuldades para comer desde março…
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