Tal qual como analisei e escrevi (e previ) a 10 de janeiro p.p. o futuro está à porta.
No rescaldo do dia das eleições, Ana Gomes proferiu uma frase muito peculiar, talvez que tenha passado despercebida aos mais desatentos, e que traduzia isto: reúno um grupo de liberais, progressistas, ambientalistas e europeístas.
Antes daquela frase, no aludido artigo do dia 10 foquei para isso mesmo - “
Muitos liberais vão se reconfigurar ao próximo contexto, deixando os seus anteriores casulos de disfarce, fossem em partidos de esquerda progressista ou nas muitas sociais democracias partidárias que por aí existem, deixando de haver um conceito de esquerda e direita, mas antes mais próximo de conservadores e liberais (...)” - significando que a Iniciativa Liberal poderá ser o elemento agregador e motivador, sobretudo para os jovens. A juventude
millennium já não tem a mínima paciência para, como autómatos pré programados, nascidos após o 25/4, que defendiam,
ipsis verbis, sem terem sentido ou conhecido, aquilo que seus pais, avós ou bisavós defenderam no tempo do Estado Novo, como foices e martelos, de uma esquerda rural (...longe do liberalismo sofisticado de Nova Iorque...) por mais caviar que possa ter procurado evoluir para disfarçar cosmeticamente a sua génese e, acima de tudo, não estarem comprometidos, por anuência tácita, com uma passada e injustificável mortandade de seres humanos inocentes para que se impusessem tais ideologias. Uma nova juventude, com uma nova irreverência, provavelmente, por um lado, provinda da Direita tradicional e conservadora, mas, paralelamente, versus e mais assustadoramente, também, derivante do Liberalismo, seja ele vindo da Esquerda ou da pseudo direita, poderão configurar o novo cenário político do século XXI.
O Dr. André Ventura, com todos os males e críticas que lhe possam dirigir e daqueles que, hipoteticamente, até tenham efetivamente certa razão no que lhe qualificam, disse algo determinante no debate direto com Mayan na SIC, e que foi: a Iniciativa Liberal não era de Direita, coisíssima nenhuma. De facto, e por mais voltas que os seus cruéis opositores possam dar, esta é uma verdade indesmentível.
O Liberalismo que foi contido até ao século XX no nosso País, está a reaparecer com a força do século XIX em Portugal, e quando esse mal estiver instalado, e fazendo fé no que escrevi, bem como nas palavras de Ana Gomes, e nas do fundador da Iniciativa Liberal, Carlos Guimarães Pinto, mas também na daqueles que defendem e promovem os valores da “democracia liberal” como “garantes de liberdade” e que criaram o Instituto '+ Liberdade', um think tank dirigido pelo ex-líder da Iniciativa Liberal, contando com mais de 5.000 membros fundadores, incluindo Adolfo Mesquita Nunes, Carlos Moreira da Silva, Ana Rita Bessa, Lídia Pereira e António Nogueira Leite, significa que algo de muito perigoso está em curso...
Com tal cenário a crescer, com o nítido decréscimo do PCP e do Bloco, os próximo serão o PSD e, conforme as baterias já foram apontadas por Ana Gomes (...essa grande amiga do PS...) e por este artigo do Jornal Económico, também o PS, partido o qual, já sem falar de um Sócrates e dos seus múltiplos correligionários, descendentes e afins Liberais que por lá abundam, poderá ser o que resta abater. Devo dizer que esta posição de Carlos Guimarães Pinto em nada me surpreende, aliás, só vem confirmar as minhas mais profundas certezas.
No dia que os liberais se assumirem e se fundirem, poderá ser, como dizem os Clã, “o começo do fim”. Quiçá, muitos ainda vão perceber e implorar, em tempo, por um perfil de André Ventura, mesmo vindos da esquerda, tal como alguns comunistas que já votam nele, porquanto o futuro não me parece nada risonho, onde se matarão todas as tradições. Por isso já dizia António Sardinha, sim à tradição, não ao conservadorismo. Eu acrescentada: não ao Liberalismo!
O Chega não é o Lobo, é o Pedro e o Pedro tem de se unir com o PPD, o mesmo que dizer com a sua ala Sá Carneirista, bem como com os socialistas de bem, ou seja, os não liberais. Se assim não for, estamos a jeito de termos um Rio de retrocessos civilizacionais.
Sem comentários:
Enviar um comentário