Que a Monarquia Constitucional é o melhor sistema para representar e servir um País, disso não tenho a menor dúvida.
Porém, essa mesma Monarquia que preconizo baseia-se num formato liberal, progressista e aberto, à semelhança dos tempos em que os portugueses foram cidadãos de grandes epopeias e preenchiam, condignamente, altos patamares representativos no planeta. Não pretendo uma restauração da Monarquia, mas sim uma democrática reintegração desta por meio de uma refundação. Revejo-me no humanismo de um D. Pedro V, no liberalismo de um D. Carlos I e numa tenacidade e coerência pelos valores que preconizava de um D. Miguel I.
Acredito que a maioria dos cidadãos que tudo depositam no regresso de uma Monarquia são, pelas suas singulares capacidades e motivações, cidadãos à parte do rebanho instituído e assim os verdadeiros arautos de um Portugal melhor. Os cidadãos que querem um Rei (ou Rainha) como chefe de Estado são os novos pioneiros do regresso à verdade estatal. Não podíamos estar melhor representados na magnânima e bem intencionada pessoa do Senhor Duque de Bragança, bem como da Causa Real na pessoa do seu Presidente.
Porém, para alcançarmos essa finalidade, necessária ao País, enquanto modelo de progresso de médio e longo prazo, ainda existem muitos obstáculos a serem transpostos para o objectivo ser atingido, designadamente: Acabar com os tabus e passar-se a falar abertamente sobre o assunto Monarquia Constitucional; Elevar uma baixa instrução que ainda vai proliferando; Combater um desconhecimento aberrante da nossa História; Ultrapassar preconceitos infundados pelo desconhecimento e por fantasias medievais; Superar uma falta de saber na contextualização comparada com as grandes e actuais monarquias constitucionais, países líderes em Desenvolvimento Humano, etc, etc; Mas, sobretudo, a postura e atitude de alguns monárquicos…os próprios, de um modo ou de outro, foram os entraves da Monarquia ontem e, infelizmente, hoje!
Um dia dizia-me o meu caro amigo José, distinto monárquico, que o lobby é fortíssimo mas infelizmente desunido…sendo o resultado útil equivalente a pouco ou nenhum.
Sempre me disse outro caríssimo amigo, o António, que foram monárquicos, ou pelo menos alguns deles, que, embora escassos mas influentes, foram talvez os principais responsáveis pela queda, pela não reinstalação (quando houve essa hipótese na II república) e, presentemente, pelas dificuldades que estes criam uns aos outros com os seus preconceitos e formatos estereotipados para com a Monarquia.
Ora, são muitos os grandes valores monárquicos actuais, as suas presentes individualidades, aqueles que pela sua abertura marcam a diferença e a referência. Deixo apenas uma súmula hodierna desses nomes, tais como: Gonçalo Ribeiro Telles, Prof. e Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada, D. Miguel Paiva Couceiro, Prof. Mendo Henriques, Dr. Pedro Quartin Graça, Prof. Fernando Amaro Monteiro, Prof. Fernando Carvalho Rodrigues, etc, etc. Muitos e muitos mais nomes ficaram por dizer, de figuras públicas e não.
Porém, nem todos vão por aí… Fadistas, aficionados e marialvas ainda por aí andam. Devo confessar que nada tenho contra os gostos e posturas de cada um, antes fui educado a respeitar as diferenças nos seus contextos e nos seus limites. Mais, admiro e respeito o fado enquanto expressão cultural deste País, sendo vários os registos fonográficos que tenho neste domínio enquanto prova daquilo que afirmo; Não gosto de touradas (embora admire a nossa exclusiva tradição nos forcados), mas respeito aqueles que apaixonadamente gostam da “aficion”, enquanto se tratando de uma componente histórica portuguesa e que demonstram conhecer os limites separadores (dentro e fora) do campo taurino; Quanto aos marialvas, muito honestamente, nada tenha contra aqueles que encarnam a postura de forma respeitadora, alegre, sensivelmente afoita, engraçada e inteligente…perante as “damas”.
O problema não reside nestes, reside sim naqueles que possam confundir Monarquia Constitucional com a Idade Media. O problema pode residir naqueles que possam auto apelidar-se monárquicos e, em vez de serem um exemplo de vida e de sociedade, comportam-se, ao contrário, de forma Neandertal. O problema pode eventualmente residir naqueles que, incultos e tacanhos, querem impor uma monarquia que há muito já não existe…baseada exclusivamente, sublinho exclusivamente, no fado, nos touros e num marialvismo oitocentista. Uns poucos, assim julgo, que se dizem monárquicos…mas que ao contrário podem desembocar e dar a entender externamente serem: obtusos, centralistas e outros “perfis”, infelizmente, ainda piores. Espero sinceramente, como estou convicto que assim será, que já não existam cidadãos que: Diziam-se monárquicos e não sabiam distinguir um campo de toiros de uma sociedade; Diziam-se monárquicos mas viviam num feudalismo ditatorial, como senhores absolutos da verdade; Diziam-se monárquicos e católicos e comportavam-se como os mais grotescos dos Trolls; Diziam-se monárquicos e viveriam, em pleno século XXI, num mundo ainda psicologicamente rural, faltando-lhes domínio urbano e especialmente urbanidade; Diziam-se monárquicos e homens de família e revelavam-se autênticos bárbaros desmedidos contra a própria “família” monárquica; Diziam-se monárquicos e “bonus pater familias” mas, não indo muito longe, nos próprios perfis internéticos das redes sociais teriam como “desportos favoritos” imagens impróprias e indignas mas, sobretudo, incoerentes com aquilo que bradam aos sete ventos defender; Diziam-se monárquicos mas gostavam tanto de cavalos que alguns abandonam a sua parte humana e assumiam, literalmente, a postura da besta tornando-se em verdadeiras cavalgaduras; Diziam-se monárquicos e acabavam por ser uns toxicodependentes imbuídos numa overdose de “chá”, servido como se ainda no tempo de Catarina de Bragança estivéssemos e, pior, com folhas de qualidade muito duvidosa; Diziam-se monárquicos mas usavam e abusavam dos títulos (muitos deles perdidos à 10.ª geração) restando-lhes colocar publicamente o Sr. Fulano, Dr. ou o Sr. Sicrano, Eng.; Diziam-se monárquicos e nobres, mas de nobres apenas ostentavam brasões cujo significados e exemplos já nem eles saberiam para que serviam; Diziam-se monárquicos, mas o conceito de arte para eles teria evoluído cerca de 100 anos correlação à arte rupestre; Diziam-se monárquicos mas o conceito de arquitectura ter-se-ia ficado por uns anos a mais do estilo Manuelino; Diziam-se monárquicos mas para eles isso resumir-se-ia a uma ambiência de armas, conflitos bélicos, escudos, espadas e cavalos, de forma puramente militarizada…normalmente passada em castelos; Diziam-se monárquicos mas a educação que denotavam possuir estava actualizada ao séc. V a.c., quando ser-se “bem educado” era “sinalagmático” desde que não fossem contraditados e a “bondade” com a mulher/esposa era “transmitida” por verdascadas…à boa e digna maneira como se fazia com o esse nobre animal que é o cavalo!
Só peço, e aqui já me encontro em invocação divina, que alguém que, por mera suposição, preencha em abstracto aquele arquétipo (que erroneamente ainda vai transparecendo para alguma opinião pública) não esteja próximo do Senhor D. Duarte de Bragança, como, por ora, acredito convictamente que não esteja, porque senão o futuro será mesmo dramático para a Causa. Prefiro continuar a acreditar que o homem que admiro, e que pela Santa Graça será Duarte III de Portugal e dos Algarves, se rodeia de homens ponderados, de inteligência, de conhecimento e cultura…isto do mais importante conselheiro ao mais simples secretário.
É contra esse dito arquétipo minimalista e bacoco, que ainda possa infelizmente perdurar, que todos os monárquicos devem se insurgir e repudiar cada vez mais como única via de progresso, esperança e regresso à nossa Monarquia Constitucional, de onde nunca devíamos ter saído. Espero, muito seriamente, que aquele formato minimalista seja hoje minoritário ou mesmo inexistente no seio desta Causa. Deve, pois, haver cada vez mais uma lógica progressista que hoje só sopra do Norte, quer europeu quer americano (maxime Canadá), bem como relembrando que foi daquele ponto cardeal a última fagulha em Portugal, com a Monarquia do Norte, de 1919, conseguida pelo nosso grande herói Henrique Mitchell de Paiva Couceiro. Couceiro era mais fiel à Monarquia que a tudo. Nem o Rei estava acima da Monarquia Constitucional. Soube tomar as opções certas quando ninguém as soube tomar, sabia que a agregação monárquica era fundamental, independentemente dos “credos”, para sustê-la. Essa foi a sua grande lição para mim, para nós, para o futuro. Guardo vivo o exemplo comigo! A improdutividade da sua missão unificadora e reinstaladora é, simultânea e paradoxalmente, também a prova da verdade e da realidade do seu objectivo. Portugal hoje está muito mais pobre e paulatinamente decadente sem homens como Couceiro e sem a sua verdade! Couceiro é Portugal e Portugal devia ser Couceiro!
Não podia estar mais de acordo com aqueles que um dia disseram que a “Monarquia regressará pela internet”. Os muitos cibernautas, bloguers, ‘facebookers’, ‘twitters’, etc são os actuais “Conjurados” dos nossos dias, os do século XXI.
Todos nós sabemos quem são aqueles que verdadeiramente dão a cara e o nome, de forma absolutamente desinteressada e apenas com prejuízo próprio, para colocar S.A.R., o Senhor Duque de Bragança, no trono de Portugal, de modo a concretizar-se, assim, as proféticas palavras de Alexandre Herculano.
Neste exclusivo contexto, ninguém pode negar que muitos lutam todos os dias, nos quais me incluo, sem proveitos próprios e apenas angariando prejuízos sociais, profissionais e outros demais por defenderem este ideal (difícil mas determinante) para o progresso de Portugal.
Todavia, perante determinados cenários, e quando pontualmente ainda possam surgir, nos nossos caminhos, aqueles que materializam o aludido arquétipo/perfil…as nossas forças fraquejam! O entusiasmo vacila! Eram nos tempos de fragilidade e desânimo que o Mestre de Avis e D. Nuno Álvares Pereira vinham dar força aos “combatentes”! Acarinhar foi, é e será sempre a palavra-chave! Todos os domínios do ciberespaço, colectivos ou individuais que, honesta e dedicadamente, melhor ou pior, dão tudo o que podem pela Monarquia, já fizeram mais por ela em poucos anos, do que em 100 algumas ditas “instituições” monárquicas. Deixo a questão: não deviam estes ser directamente acarinhados pela Casa Real Portuguesa, enquanto seus primeiros defensores…que tudo dão por S.A.R.? Não será das massas, do povo, que deve submergir a genuína vontade de mudança? Não é interessante que isso esteja hoje, especialmente na internet, cada vez mais a acontecer devido àqueles? Não existirão meios simples de se acarinhar, transmitindo-se isso mesmo de forma simples mas fortemente retemperadora? Julgo honestamente que há…!
Por ora, prevalecem, e bem, os apoios fraternos dos intervenientes “no terreno”, no ciberespaço, que, aqui e acolá, vão reciprocamente dando forças uns aos outros, onde destacaria a minha cara amiga e lutadora Maria. Ela enquanto símbolo maior, isto sem qualquer desprestígio para todos outros que também dão o seu melhor como a Joana, o Nuno, o “editor”, o João, a Aline, o António e tantos outros, e cujo louvor aqui registo publicamente, merece o meu respeito pela sua total entrega a tudo isto que alguns chamam: Causa.
Por fim a questão, o problema, o busílis ou, se preferirem, a encruzilhada do Referendo. Relativamente a essa matéria, digo-vos que não é problema de maior. É relativamente fácil ultrapassá-lo…basta crer e não ir na “cantiga” republicana de ser impedimento! Se a “muralha” é alínea b) do artigo 288.º da Lei Fundamental, se é apenas essa, então, digo e repito: é uma falsa questão! Não é o problema! Fala-se naquele disposto em “forma republicana de governo”…não em chefia de Estado. Portugal está mal demais para não se acender, de forma determinada, a discussão do regímen. Como proceder? Assim, de forma muito genérica e levianamente sumariada: 1.º) Iniciar uma petição de referendo ao regime (essencialmente se querem Monarquia ou continuar em república); 2.º) Obtendo-se a recolha suficiente de assinaturas, remetê-las ao Parlamento; 3.º) Aproveitar o posicionamento de muitos monárquicos influentes perante o executivo e o Parlamento e, em união de todos os “clãs”, sensibilizar para a pertinência e para o avanço do assunto; 4.º) Aguardar os resultados; 5.º) Sendo concretizada a possibilidade do referendo, e à semelhança de como foi em 1993 no Brasil, há que iniciar a luta pela informação, formação e divulgação. É o que nos compete! Em substância é essencialmente isto que é preciso! É isto que necessitamos para trilhar um caminho verdadeiramente multi-ideológico sólido e respeitante, mas sem “cor” no topo como numa Noruega, Suécia, Holanda, Bélgica, Japão, Canadá, Inglaterra, Austrália, Dinamarca, Espanha, etc, etc. Só assim as nossas instituições, sobretudo quanto tecido psicológico do colectivo adjacente, se refundarão no sentido correcto.
Em suma, enquanto cidadão comum que almeja deixar um Reino aos seus filhos, como sinónimo de um País melhor, mais aberto, administrativamente evoluído, mais desenvolvido e progressista, apenas gosto de publicitar, porque em consciência entendo que o devo fazer, o legado que encheu o meu carácter por via dos meus antepassados, e pelo contrário nunca fazendo uso público de títulos de família ou académicos. Em suma, faço-me valer, genuinamente na primeira pessoa, quer aqui e quer em todo lado, por quem sou quanto aos meus ideais e, especialmente, pelo que ditar a minha consciência.
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