É com regozijo que assisto ao início, cada vez mais clarividente, da percepção sobre uma realidade: as repúblicas foram uma moda e como todas as modas duram pouco e desaparecem. Será da “crise”, conforme dizem as populações?! Não sei. Sei sim que algo está a mudar!
O indicativo mais forte vem da Líbia, onde as probabilidades de assistirmos à restauração de uma Monarquia, a mesma que foi abolida (também) pela força em 1969, são bastante evidentes. Naquele ano a Jamairia (República) Árabe Popular e Socialista da Líbia, muçulmana militarizada e de organização socialista, derrubou a monarquia do emir Sayyid Idris al-Sanusi, coroado rei com o nome de Idris I (1951-1969).
Hoje, em meu entender, o povo árabe começa a perceber duas coisas: a) À luz da História foram, em monarquias, mais prósperos e evoluídos; b) Olham à sua volta e constatam onde se encontram outros países com melhores condições de vida, sem desqualificarem as suas raízes maioritariamente muçulmanas.
Outra evidência revela-se nos valores mais elevados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), anualmente apurado pelas Nações Unidas. As Monarquias, presentemente e nas últimas décadas, predominam no top 10. Os dados de 2010 dizem-nos que nos 11 primeiros países do mundo, 8 são monarquias constitucionais…inclusive o top 3. Não me vão dizer que são coincidências!? Objectivamente não acredito nelas! São sim reflexos estruturados que transpõem um ânimo colectivo, neutralmente piramidal, ânimo que promove e projecta uma Nação para o progresso ou, ao menos, para uma segura sustentabilidade. Matéria conexa a uma mentalidade colectiva diferente daquela que uma república nunca conseguirá gerar. Exemplo maior, e já um case study, é a Bélgica. Sem governo é o Rei que sustenta um país cuja economia é, apesar do (des)governo, das mais estabilizadas. Há pois aqui um relançamento, até hoje posto em declínio por alguns, da importância do Rei e da Monarquia Constitucional.
Esta coisa dos Reis não vem dos contos de fadas. Vem da nossa mais primitiva e originária história. É a antropologia que o demonstra. A Monarquia é um sistema estruturado e pensado, não nos cabe o papel redutor de questionar gerações e gerações de aperfeiçoamento de um sistema que funciona empresarialmente, atacando-o com o habitual rótulo vindo de uma inteligência paleolítica de que: “as Monarquias são coisas do passado”! Caríssimos, as repúblicas é que já são coisas do passado!
A antropologia demonstra-nos que “na tribo” deve prevalecer o sabedoria e a experiência. Após criado o Império Romano, a linha sucessória foi lógica para aquele moderno e duradoiro sistema. Na Idade Média prevaleceu, como prevaleceu no Renascimento, no Absolutismo, na transição para o Liberalismo e nos tempos actuais. A experiência e a preparação baseada no tempo são fundamentais! Na Inglaterra houve república: durou 7 anos. Eles perceberam em 7 anos aquilo que nós ainda não atingimos em 100.
Neste contexto cabe o reparo: muitos se queixam da nossa actual Justiça. Ora, um dos seus principais problemas foi precisamente, neste sistema não electivo que é a magistratura, terem-lhe retirado o excelente requisito de um pretendente a decisor singrar com determinada idade e experiência profissional. Os resultados dessa “remoção” são manifestamente conhecidos… O mesmo acontece, com as devidas adaptações, com a abolição da Monarquia…uma magistratura de influência positiva. Perdemos a experiência acumulada. Isto é, como hoje a república vive daquilo que a Monarquia lhe deixou, a Justiça ainda vai sobrevivendo, mais notoriamente nas altas instâncias, da antiga e boa escola de juízes amadurecidos. Existem excepções, poucas, mas existem. Mas como excepção que são, não são pois a regra. O mesmo acontece no regime: podem ter havido bons presidentes em meros 100 anos …mas foram a excepção.
Aquilo que hoje é uma crise de paradigma à escala mundial, não é mais que o resultado final do conjunto das repúblicas que, pelo moda, ocuparam lugares de destaque na gestão dos destinos do planeta e cujos resultados, emanados dessa breve incursão jacobina e revolucionária, revelam-se agora esgotadas. A Ex-URSS, os EUA e a França…são essencialmente os exemplos de destaque. Além dos prejuízos económicos que todos agora pagam, foram também os custos ecológicos irreparáveis dessa mesma moda.
O Rei é de facto o primeiro e o último garante de uma Nação e, sobretudo, de um povo. A sua preparação é objectivamente a chave que nos une como família empresarial, que a sente e a faz andar com as necessárias cautelas para o progresso, sem nunca descurar da sua história.
Como “numa tribo”, os seus/nossos representantes não podem emergir por interesses, pela força, pela beleza ou pelo deslumbre. Devem prevalecer, em consonância com o interesse colectivo, por aquilo que sabem, que podem transmitir e em que podem ajudar os seus congéneres. Daí não advir um efeito benéfico daqueles representantes que surgem, fraccionariamente, de um pólo maioritário (que na representação do Estado tem, pelos votos, inversamente à Governação, um efeito nocivo). Os resultados serão perversos e o invejoso descontrolo instala-se e entranha-se nas gerações. Ora, o Rei é precisamente o garante e obstáculo a que isso aconteça…é o ancião da “tribo”. Aconselha-a para o melhor caminho numa união democrática, uma vez que todos o reconhecem.
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