Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"I´m Royalist"


Da Cultura em Monarquia

Por regra, são muitos os que associam os monárquicos portugueses a um determinado sector social alto, que gosta de touradas, de usufruir da boa gastronomia portuguesa, entre outros actos pouco "urbanos". Isso não corresponde minimamente à verdade. O Rei D. Carlos até seguia, em certa medida, determinados moldes daquele perfil (gostar de toiradas e gastronomia). Contudo, era, muito provavelmente, como aponta a História, o Rei mais culto da Europa no seu tempo. Liberal, oceanógrafo, pintor, escritor…Mas relembre-se, nem todos os cultos reis de Portugal, seguiram este modelo. É de alertar para a legitimidade do receio que possuem algumas proeminentes figuras monárquicas de hoje, que concluem que os monárquicos, em Portugal, só são vistos como toureiros e fadistas... Tal constatação é ponderosa e urge ser desmistificada no seio dos portugueses, por todos os que acreditam num regime monárquico, começando por nós. Caso contrário...não vamos a lado nenhum.


Neste ponto, cabe ressalvar que o presente texto não almeja uma panorâmica detalhada de todos os autores e contextos a abordar, mesmo porque é razoavelmente inteligível a (quase) impossibilidade desta empresa...

Posto o intróito, e centrando-nos na Europa hodierna, cabe salientar que a produção cultural de países como a Inglaterra, Suécia, Espanha e Holanda, faz deles, indubitavelmente, os gigantes iconográficos, quer no patamar erudito, quer no patamar dito urbano. Veja-se, no caso da música, a Inglaterra em que a sua produção cultural neste via artística é exponencial, destacando-se, da infinidade de músicos e grupos existentes neste Reino, e enquanto prova, os Beatles, que compuseram curiosamente o tema "Her Majesty" (incluso no L.P. Abbey Road). Por outro lado, Ian Curtis, também inglês e falecido vocalista dos Joy Division, chegava a afirmar, categoricamente, e com clara fagulha de orgulho: "I´m royalist" (a). Estamos, portanto, perante individualidades altamente despojadas de conservadorismo e por isso insuspeitas neste domínio. Apontava-se por fim, neste vasto universo da música, apenas mais um nome proveniente da Suécia: os ABBA. Mais palavras para quê...?!

Na Pintura, nunca poderemos esquecer nuestros hermanos, e referir nomes como: um Goya, um Dalí, um Miró, um Picasso, etc, etc… Nos Países Baixos, nomes como: Vincent van Gogh, Rembrandt e outros da escola holandesa não deixam resíduos de dúvida acerca da magnitude representativa da sua produção, a qual pretendemos aqui focar enquanto cerne desta matéria.

No domínio da Literatura, William Shakespeare, John Steinbeck, Ernest Hemingway, Virginia Woolf, etc, etc, são alguns dos muitos megalíticos nomes ingleses. Em Espanha, autores como Cervantes, Jacinto Abad de Ayala, entre muitos outros, abreviam-nos o texto para mais nomes e adjectivos. Em Portugal, neste domínio, dos verdadeiros intelectuais do ofício, emergem nomes primeiros como Pessoa, Camões, Queirós, Quental, etc, etc. Facto: nasceram antes de 1910. Hoje a realidade é manifestamente outra, e a qualidade, infelizmente, também. Culpa dos autores? Não! São filhos da república, da mesma que tudo superficialzinha, não concebendo filhos fortes. Resultados ? Estão aí à mostra... Somos hoje "pop" e "ligth". Infelizmente, com este regime que não ajuda (e não nos referimos aos subsídios que em Portugal geram a polémica questão dos que entendem que Cultura = não lucro), nós portugueses somos os "Cains" da Europa...só chegando a algum patamar por muitas ajudas, conjunturas e lobbies.

Em suma, estamos profundamente convictos que o regime monárquico consegue uma aura propícia à produção de Cultura, sendo mote a uma maior qualidade e quantidade neste domínio humano. Se nos for permitida a analogia, em Monarquia teremos sempre reunidas as condições, por vezes não fácticas nem quantificáveis, embora geradoras do resultado cultural, da mesma forma que o Sol é fundamental à nossa flora.

É, pois, forte a convicção que no seio da Europa, que, em específica medida, vai ditando os contornos da Cultura no mundo (não querendo ser imprecisos com Nova Iorque, com o Chile e com outros pólos genésicos), são as nações monárquicas, que tal como as 6+ em IDH (b), também vão na vanguarda. Tal explicação se deve, e para que não restem dúvidas, ao espírito monárquico enquanto maior gerador de cultura, a par, quiçá, como excepção (c) (toda a regra tem a sua), apenas da república da França.

Pelo exposto, enquanto fomos Monarquia, geraram-se grandes intelectuais (d). A Cultura é um domínio dos sentidos, sendo medianamente pacífico e sabido que o exacerbado Positivismo  do republicanismo, que (em coerente teoria) refuta tudo isso, não é, portanto, o melhor caminho. É pois de convir que, tomando os exemplos internacionalmente aqui trazidos e comparados, de facto, o melhor regime para desenvolver a Cultura em Portugal é indubitavelmente o monárquico.

(a) Conforme nos relata a Biografia realizada e produzida por Anton Corbijn (2007).
(b) Índice de Desenvolvimento Humano.
(c) Mesmo no caso alemão, uma Confederação, que elege o seu Chanceler por via indirecta através do Senado (que com as devidas adaptações é muito similar à Aclamação de um Rei Constitucional presentemente), não é possível comparar o nível de produção cultural (i.e. musical e filosófica) de hoje, com a efectivamente maior do tempo da Monarquia germânica, em especial, no século XIX.
(d) É preciso frisar que os únicos grandes pensadores e ideólogos republicanos, dignos, verdadeiramente, desse epíteto, viveram ou nasceram na Monarquia Constitucional Portuguesa.
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