Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Regime de bairro

A maior internacionalização, diplomacia e, sobretudo, transnacionalidade de uma Monarquia não é mera retórica do discurso monárquico. É algo puramente real e objectivo.

Sem prejuízo disso mesmo, nem tão pouco a república é mais aberta e sequer similar às Monarquias. É sim evidentemente nacionalista e intranacional. O bairrismo é às vezes saudável, mas não no prisma da gestão do Estado. Como foi tratada a questão do Mapa Cor-de-Rosa contra El-Rei, o 5 de Outubro de 1910, a abordagem do (novo) regime à Grande Guerra e, depois ainda, o Salazarismo, são algumas das demonstrações factuais da História quanto a isso.

Efectivamente os nossos Monarcas, desde sempre, por via de acordos e tratados, alguns deles matrimoniais, estabeleciam fortíssimos laços transfronteiriços os quais rendiam muito ao País e, sobretudo, davam-lhe prestígio. Era uma gestão sensível, mas simultaneamente concertada entre múltiplas nacionalidades que atribuíam aos nossos maiores representantes uma transversal representatividade no mundo. Carlos I, por exemplo, era O filho de Portugal e dos Algarves, mas era literalmente parente de Inglaterra, da Espanha, da Alemanha (via Saxónia) e da França. Era, para os demais efeitos, um membro de uma comunidade importante, de uma família, ou seja, de uma empresa ao serviço dos Estados e dos cidadãos.

Nós fomos, e até remontado à Idade Media, mais cosmopolitas enquanto entidade colectiva do que somos hoje. Antes isso era Real, hoje é ficcionado com dinheiro (estrangeiros) dos outros.

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«Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-Los» (Alexandre Herculano)

«(…) abandonar o azul e branco, Portugal abandonara a sua história e que os povos que abandonam a sua história decaem e morrem (…)» (O Herói, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro)

Entre homens de inteligência, não há nada mais nobre e digno do que um jurar lealdade a outro, enquanto seu representante, se aquele for merecedor disso. (Pedro Paiva Araújo)

Este povo antes de eleger um chefe de Estado, foi eleito como povo por um Rei! (Pedro Paiva Araújo)

«A República foi feita em Lisboa e o resto do País soube pelo telégrafo. O povo não teve nada a ver com isso» (testemunho de Alfredo Marceneiro prestado por João Ferreira Rosa)

«What an intelligent and dynamic young King. I just can not understand the portuguese, they have committed a very serious mistake which may cost them dearly, for years to come.» (Sir Winston Leonard Spencer-Churchill sobre D. Manuel II no seu exílio)

«Everything popular is wrong» (Oscar Wilde)

«Pergunta: Queres ser rei?

Resposta: Eu?! Jamais! Não sou tão pequeno quanto isso! Eu quero ser maior, quero por o Rei!» (NCP)

Um presidente da república disse «(...)"ser o provedor do povo". O povo. Aquela coisa distante. A vantagem de ser monárquico é nestas coisas. Um rei não diz ser o provedor do povo. Nem diz ser do povo. Diz que é o povo.» (Rodrigo Moita de Deus)

«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)