Este é o título em português atribuído ao filme de David Leveaux, de 2016, baseado no livro de Alan Judd, “The Exception”, que remonta a 1940, um ano antes do falecimento de Guilherme II da Alemanha, e de uma súbita necessidade dos nazis enviarem um destacamento para uma alegada proteção ao ex-Monarca, fora do poder há 22 anos...
Para esse efeito, e para liderar aquele destacamento, incumbiram o Capitão Stefan Brandt, soldado integro e na prateleira, por ter esmurrado, na Polónia, uns oficiais da Schutzstaffel, comummente designada por SS, os quais trucidaram de metralhadora, implacavelmente, indo além da missão, um grupo de polacos e polacas...incluindo crianças.
Inicialmente o soldado, habituado a frentes de batalha, parte para os Países Baixos, já tomados pelos exércitos de Hitler, pouco entusiasmado com a missão confiada, onde se encontrava Guilherme II, para reforçar a proteção do ex-Imperador da Alemanha e ex-Rei da Prússia, no palácio em que se encontrava exilado em Huis Doorn. A guarda principal de Guilherme da Prússia antes pertencia ao seu leal conselheiro e sempre próximo ajudante o Coronel Sigurd von Ilsemann, que seguia a tradição monárquica e as respetivas vestimentas militares da Alemanha Imperial e não aquelas desenhadas, por Hugo Boss, para os nacional socialistas.
Após a chegada de Brandt, e contrariamente à sua espetativa, acontecem uma série de desenvolvimentos que a missão, inicial e aparentemente enfadonha, tornou-se enormemente agitada com um rol de inúmeras peripécias de elevado risco.
Interpretado superiormente por Christopher Plummer, o papel do ex-Kaiser releva um homem idoso mas mais consciencioso, contrariamente ao impetuoso jovem Imperador que reinou o Império Alemão entre 1888 e 1918, com alguns erros, quiçá, como defendiam alguns especialistas médicos, alicerçados na sua infância arreigada à deficiência que transportava de nascença - braço esquerdo inválido com paralisia de Erb, sendo cerca de 15 centímetros mais curto do que o direito, curiosamente muitíssimo mais apto a reinar, inclusive, terminando a sua vida com a grande vitória de não se vergar e se misturar com os nazis, nem tão pouco, mesmo arriscando a sua vida, face aos novos poderes germânicos instituídos à data, mantendo a coerência perante o seu antigo inimigo, não aceitando um convite de asilo político, na Inglaterra, por parte do Primeiro Ministro, Winston Churchill, com a promessa que se os aliados fossem vencedores, seria restaurada a Monarquia na Alemanha.
Mas este filme surpreende por, acima de tudo, e agora, em férias, que é a única oportunidade que possuo para ir atualizando alguns filmes que seleciono durante o ano, ter podido ver, pela primeira vez, e através da personagem de Heinrich Himmler, sem quaisquer rodeios, a claríssima focagem, ao contrário das grandes produções americanas, pagas pelo lóbi dos judeus ricos de Nova Iorque, que se limitam a salientar a inequívoca maldade generalizada do regime nazi, o seu aparato bélico ou regimental, no espelho da verdadeira natureza política do partido, i.e. TRABALHISTA...ou seja, de esquerda e socialista extremista.
A grandiosidade do filme advém precisamente dos contrastes. Dos contrastes entre a Monarquia e a república, dos contrastes entre a antiga Alemanha cristã vs a Alemanha sem valores nacional socialista comandada pelos nazis, para quem a liberdade pouco interessava, apenas existindo a vontade regular, regulamentar tudo e governar a qualquer custo...e, em regra, com escassa categoria e polidez.
Em suma, este é um filme que, sendo parcialmente um romance, recomendo ver, terminando, este meu texto, reproduzindo abaixo o diálogo entre Brandt e Ilsemann (este último que no início via o primeiro com desconfiança e que no fim agradece-o), precisamente quando o capitão se apercebe que tipo de regime estava a servir, por comparação com aquele que representava a antiga Alemanha e o qual começa a preferir pelo diário e próximo contato com o Kaiser e pela sua postura.
Captião Stefan Brandt : Can an officer have a loyalty to anything greater than his country?
Coronel Sigurd von Ilsemann : First, he must answer the question "What is my country and does it even still exist?"
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