Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

As origens não se mudam

Pelos mesmos fundamentos que entendo que o melhor sistema para Portugal e para alguns países da Europa seria o (regresso ao) monárquico, na mesma proporção entendo que os EUA devem ser uma república. Tem que ver com o modo de funcionamento e com a origem das respetivas formações enquanto estados. São sedimentações de várias naturezas e de muitas gerações políticas que não podem ser desacreditas e destruídas em rutura. Veja-se, por exemplo a este propósito, o que a república portuguesa fez a um dos símbolos maiores de Portugal, a sua bandeira, alterando radicalmente as suas cores de origem, tratando de as substituir por outras que nada nos dizem e apregoando, assim, uma nova ordem que fez tábua rasa a mais de 700 anos de história.

Sem prejuízo daquilo que fizeram, nesta matéria, Napoleão I e Napoleão III, hoje seria de todo impensável que, por hipótese, uns insanos dessem uns tiros e quisessem alterar o regime norte-americano de uma república para uma Monarquia. Seria um absurdo. Isso não seria bom, desacreditaria aquela nação, geravam-se muitíssimas mais fações, desuniões e, acima de tudo, creio que os EUA definhariam, tal como um pássaro selvagem engaiolado. Porém, foi isso mesmo que, mutatis mutandis, aconteceu, na realidade, e infelizmente, em Portugal e em outros países da Europa. Um rudíssimo golpe histórico que nunca mais nos/os tornou os mesmos.

Outrora, em Portugal, fomos o que os EUA são hoje, mas hoje somos aquilo que somos…e não gostamos daquilo que somos. Isso explica-se pois estamos dominados por políticos…até ao topo da pirâmide. Somos excessivamente autocríticos, precisamente porque não temos rumo, nem tão pouco um verdadeiro símbolo que nos una como nos uniu. Estamos demasiado espartilhados para uma parcela tão pequena, mas com tanto potencial. Sim potencial, pois ainda acredito em Portugal. Num Portugal diferente.


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«Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-Los» (Alexandre Herculano)

«(…) abandonar o azul e branco, Portugal abandonara a sua história e que os povos que abandonam a sua história decaem e morrem (…)» (O Herói, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro)

Entre homens de inteligência, não há nada mais nobre e digno do que um jurar lealdade a outro, enquanto seu representante, se aquele for merecedor disso. (Pedro Paiva Araújo)

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«A República foi feita em Lisboa e o resto do País soube pelo telégrafo. O povo não teve nada a ver com isso» (testemunho de Alfredo Marceneiro prestado por João Ferreira Rosa)

«What an intelligent and dynamic young King. I just can not understand the portuguese, they have committed a very serious mistake which may cost them dearly, for years to come.» (Sir Winston Leonard Spencer-Churchill sobre D. Manuel II no seu exílio)

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«Pergunta: Queres ser rei?

Resposta: Eu?! Jamais! Não sou tão pequeno quanto isso! Eu quero ser maior, quero por o Rei!» (NCP)

Um presidente da república disse «(...)"ser o provedor do povo". O povo. Aquela coisa distante. A vantagem de ser monárquico é nestas coisas. Um rei não diz ser o provedor do povo. Nem diz ser do povo. Diz que é o povo.» (Rodrigo Moita de Deus)

«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)