Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Também o desporto um cimeiro exemplo


Filipe VI foi proclamado Rei de Espanha, numa cerimónia discreta, no passado mês de Junho, na casa da democracia - o Parlamento espanhol. Iniciou funções com o seu País envolto num processo complexo em diversos domínios. Não obstante isso, arregaçou as mangas e, num controlo apertado sobre o exercício dos cargos públicos e privados da própria Família Real, e de modo a que não subsistam quaisquer dúvidas de favorecimento àquela, não tem parado de implementar medidas para que a transparência seja o mote do exemplo, nomeadamente determinando uma auditoria externa e pública às contas da Zarzuela no próximo ano. Em Dezembro, serão anunciadas outras medidas. É, assim, neste trilho, que o exemplo já alcançou os próprios espanhóis e até a comunidade internacional, que recebeu com agrado tais decisões.
O preparado Rei de hoje foi, outrora, também, um príncipe que, desde a nascença, esteve em constante preparo e formação. Um desses elementos de preparo foi precisamente o desporto. Apoiante e adepto do desporto, sempre esteve próximo dos atletas espanhóis nos momentos chave das suas carreiras, conforme é exemplo a sua presença na final de Wimbledon de 2008, aquando do primeiro título de Nadal nos Campeonatos ingleses. Também Filipe de Bourbon foi membro da equipa olímpica de Vela na classe Soling, tendo o ponto alto dessa sua valência, e também de exemplo à juventude espanhola, ocorrido quando foi porta-bandeira de Espanha nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, terminando em sexto lugar. 
Todavia, antes de Filipe VI, em Portugal, D. Carlos I, um monarca completíssimo, também foi responsável, entre algumas modalidades desportivas, mormente o futebol, pelo incentivo à prática e desenvolvimento do ténis no nosso País. 
Ficou para a memória da modalidade a visita régia, em 1901, de D. Carlos I à Ilha da Madeira, especificamente à Quinta do Palheiro, onde o ténis foi muito praticado. Também no ‘Sporting Club de Cascaes’, era habitual a distribuição de prémios pelo Rei aos vencedores de torneios organizados naquele clube.
Tal como D. Carlos, também seu filho e sucessor, D. Manuel II, era um interessado na modalidade, havendo inúmeros registos da sua ida a eventos de ténis, mesmo aquando do seu exílio forçado em Inglaterra. Curiosamente existem vídeos que evidenciam isso mesmo. D. Manuel foi também um exemplar praticante de esgrima, esse desporto tão interessante e que ainda tem muito por onde crescer no nosso País.
Como se demonstra, a polivalência era mote na Casa Real Portuguesa, sendo que o desporto, tal como outras áreas, entre as quais a pintura, a ciência, a literatura, a estratégia, etc, eram cultivadas para assim comporem o estatuto e a qualidade de um Chefe de Estado mas, acima de tudo, servirem de (bom) exemplo aos portugueses num tipo de filosofia que se formava no ponto mais cimeiro das instituições.

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