Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

sábado, 20 de janeiro de 2024

Tolkien

Um filme muito interessante de 2019, realizado por Dome Karukoski, com a banda sonora conduzida superiormente por Thomas Newman.

John Ronald Reuel Tolkien, conhecido internacionalmente por J. R. R. Tolkien, nasceu a 3/1/1892, em África do Sul, quando seu pai, bancário britânico, estava deslocado por motivos profissionais.

Tolkien era efetivamente um génio na verdadeira condição da palavra. Contudo, e apesar dessa realidade, não teve uma vida fácil. Desde muito novo, com o seu único irmão, ficou órfão, sendo a perda da mãe especialmente dura, pois ainda conviveu algum tempo com ela, tendo esta sido uma forte influência na sua obra e espiritualidade. Acresce, no conjunto das dificuldades, que ele era um rapaz convictamente católico num contexto duramente protestante. Valeu-lhe o padre Francis Xavier Morgan, amigo de seus pais, ter jurado que tornaria possível a continuação dos estudos dos dois irmãos nas melhores instituições de ensino de Inglaterra. E assim foi. Tolkien licenciou-se, doutorou-se e tornou-se professor na Universidade de Oxford. Como tenente, esteve ao serviço do Império Britânico na I Grande Guerra e casou-se com a mulher que sempre amou e com quem teve quatro filhos. Apenas se separaram quando a morte dela assim o ditou, no início dos anos 70 do século XX. Ela foi a sua musa para inúmeras personagens femininas da sua obra, tendo escrito para ela, em élfico, na pedra tumular do casal, uma dedicatória em que refere que (ele) um simples mortal tinha ganho o amor de uma princesa élfica.

Sendo Tolkien um fervoroso católico, em grande parte devido à inspiração que a vida de sua mãe foi para ele, sempre se revelou, coerentemente, um homem educado, tranquilo, pacífico embora corajoso, apaixonado, convicto e leal. Muitos procuram na sua obra, para a qual edificou uma nova língua, a élfica, absolutamente estruturada gramaticalmente, uma descodificação da Bíblia por via de uma variante ligada à arte, ao belo, ao imaginário fantástico muito próprio do autor, mas também para as explicações do mal que ele imprimia de uma forma clara e vincada, que, segundo alguns, poderão ter tido origem na experiência que teve na I Guerra e nas respetivas trincheiras.



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