Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

sábado, 3 de setembro de 2022

Paizinho

Confesso que não sou muito adepto dos pais criarem a obrigação nos filhos, desde de nascença, destes lhes chamarem "pai" e "mãe".

Prefiro o termo mais integrador, terno, mais próximo e revelador do verdadeiro sentimento que subjaz àquela relação, concretamente: "papá" e "mamã". Julgo, salvo outra opinião, ser até mais respeitador.

No Grupo Central dos Açores, e face à proliferação, banalização e à "secularização" de "pai" e "mãe", e se me permitem a expressão, a coragem, neste âmbito, é maior, pois o termo ainda é mais afetivo e lindíssimo: "paizinho" e "mãezinha". Tive, inclusive, o privilégio de conhecer um distinto senhor, cuja mulher faleceu no meio do percurso das suas vidas enquanto casal, com quase uma dezena de filhos, em que ele era tratado, por todos os filhos, desde que nasceram, até ao seu último sopro de vida, com 103 anos, por "paizinho".

Ora, este é um exemplo que me ajuda a encarar este mundo de forma melhor, porquanto ainda há provas quanto a desbloqueios formais a um amor tão forte como aquele que deve unir pais a filhos.


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