Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

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sábado, 4 de agosto de 2018

A generalidade das introduções das repúblicas


Não tendo em Portugal sido diferente, normalmente as repúblicas, para se imporem, têm de desenvolver procedimentos anarquistas, terroristas e criminais que culminam no assassinato dos monarcas.

Em França foi assim com Maria Antonieta:

O carrasco pegou na sua cabeça ensanguentada e apresentou-a ao povo de Paris, gritando: "Viva a República!"

Testamento escrito, na cela, por Maria Antonieta e enviado à sua cunhada, Isabel, após saber da sua condenação à morte:

"É a vós, minha irmã, que escrevo pela última vez. Acabo de ser condenada, não a uma morte vergonhosa, pois esta é tão somente para os criminosos, mas a que me juntará ao vosso irmão. Inocente como ele, espero mostrar a mesma firmeza que ele em seus últimos momentos.
Estou calma, como quando a consciência nada tem a condenar. Lamento profundamente deixar meus pobres filhos; sabeis que eu só vivia para eles e para vós, minha boa e terna irmã. Vós, que por amizade, sacrificastes tudo para estar connosco, em que posição vos deixo !Eu soube, através dos advogados de defesa, que milha filha está separada de vós. Ai de mim! A pobre criança, não me atrevo a escrever-lhe, ela não receberá minha carta. Eu nem mesmo sei se esta chegará a vós. Recebais, pelas duas, minha bênção. Espero que um dia, quando forem mais velhos, eles possam reencontrar-vos e desfrutar plenamente de vossos ternos cuidados. Acredito que nunca deixei de inspirá-los, que os princípios e o estrito cumprimento de seus deveres são a base primária da vida, que sua amizade e confiança mútua os façam felizes. Minha filha, por sua idade, deve sempre ajudar o irmão, inspirando-o com os conselhos de sua maior experiência e sua amizade; que meu filho, por sua vez, tenha pela irmã todos os cuidados, os obséquios que a amizade possa inspirar; finalmente, que ambos sintam que, em qualquer posição em que se encontrem, estarão felizes por sua união. Que eles nos tomem como exemplo. Quanto consolo nos dão nossos amigos em nossos infortúnios e, na felicidade, como é dobrada quando podemos compartilhá-la com um amigo; e onde encontrar mais ternura, mais bem querer que em sua própria família? Que meu filho nunca esqueça as últimas palavras de seu pai, as quais eu repito expressamente: que ele nunca tente vingar nossas mortes! Tenho que vos falar sobre algo muito doloroso para meu coração. Sei como esta criança deve causar-vos problemas; perdoai-o, minha querida irmã, pensai em sua idade e em como é fácil dizer a uma criança o que desejais, e mesmo assim ele não entende. Um dia virá, eu espero, em que ele se sentirá melhor e valorizará vossa bondade e vossa afeição por ambos. Ainda tenho alguns pensamentos para vos confiar. Eu queria escrever desde o início do julgamento, mas não me deixavam, as coisas aconteceram tão rápido que, na verdade, eu não teria tido tempo. Morro na religião Católica, Apostólica e Romana, a de meus pais, aquela em que fui criada e que sempre professei. Não tendo nenhum consolo espiritual a esperar, sem saber se aqui ainda existem sacerdotes dessa religião, e mesmo (se existissem ainda padres) o lugar (a prisão) onde eu estou os exporia a muito riscos, se eles me falassem, ainda que fosse só uma vez. Eu peço sinceramente perdão a Deus por todas as faltas que eu cometi desde que nasci. Espero que em Sua bondade, Ele possa receber meus últimos votos, assim como tem feito há tanto tempo, porque desejo que Ele receba minha alma em Sua grande misericórdia e bondade. Eu peço perdão a todos aqueles que conheço, e a Vós, minha irmã, em particular, de todos os sofrimentos que, sem querer, poder-vos-ia ter causado; eu perdoo todos os meus inimigos pelo mal que me têm feito. Despeço-me de meus tios e de todos meus irmãos e irmãs. Eu tive amigos. A ideia de sermos separados para sempre e suas penas são os maiores arrependimentos que carrego ao morrer; que eles saibam, ao menos, que pensei neles até o último momento. Adeus, minha boa e terna irmã. Possa esta carta chegar até vós. Pensai sempre em mim. Eu abraço-vos de todo meu coração, assim como minhas pobres e queridas crianças. Meu Deus, quanto me corta o coração deixá-las para sempre! Adeus, adeus! Não vou mais me ocupar com meus deveres espirituais. Como não sou livre nas minhas ações, irão trazer-me, talvez, um padre, mas eu protestarei e não lhe direi uma palavra e irei tratá-lo como um completo estranho."

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«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)